Comissão Utentes do Barreiro
Verão quente, SNS em colapso: a saúde pública avisa, mas ninguém quer ouvir
Não é surpresa. Mais uma vez, o verão será sinónimo de caos no Serviço Nacional de Saúde (SNS). O diretor executivo do SNS, Álvaro Santos Almeida, já o admitiu: vamos ter concentração de serviços, nomeadamente nas urgências de obstetrícia na Península de Setúbal. Em palavras mais diretas: vai haver fechos, faltas e sofrimento evitável.
O problema na Península de Setúbal não é novo. Já há muito que a falta de recursos humanos mina o funcionamento regular das urgências. Agora, perante a chegada do verão, período tradicionalmente crítico, a resposta da tutela é… concentrar serviços. Ou seja, fechar umas portas para sobrecarregar as outras. Em vez de reforçar, desistem.
Mas concentrar não é gerir melhor. Concentrar é camuflar o colapso, é reconhecer que não há médicos nem meios, e encolher os ombros com a promessa de que “pelo menos uma unidade estará aberta em cada período”. Isto não é planeamento — é sobrevivência.
O próprio diretor executivo admite que as escalas de verão já estão feitas — mas “têm períodos que não estão completos”. Isto é uma confissão grave: o SNS vai entrar no verão com falhas previsíveis e assumidas na resposta à população. Sabemos o que vai falhar, mas não se faz nada para impedir. Onde está o reforço de emergência? Onde está o investimento real?
É fundamental que se diga: a solução não é concentrar. A solução é reforçar.
Concentrar serviços é uma resposta de desespero, não de visão.
O que o SNS precisa é:
De mais postos de atendimento, próximos das populações.
De mais profissionais, bem pagos, respeitados e com carreiras dignas.
De melhores condições de trabalho, que fixem médicos e enfermeiros no setor público.
De um investimento claro e corajoso, que priorize a saúde pública em vez de empurrar os doentes para os privados.
Quando uma grávida dá entrada nas urgências, não espera.
Quando um idoso sofre um AVC, não espera.
Quando uma criança precisa de cuidados imediatos, não espera.
O SNS também não devia esperar por mais um verão de colapsos anunciados, de camas que faltam, de médicos em stress e utentes desesperados.
Mas enquanto os governos se limitarem a fazer gestão de danos, e não política de saúde pública, vamos continuar a falhar.
E quem paga esse falhanço não são os ministros.
São as pessoas.
Por acaso é em post do canal#moritz mas concordamos em pleno.
Temos de ir a luta
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