Pelo alargamento do Programa de Apoio à Redução Tarifária (PART)
O Movimento de
Utentes dos Serviços Públicos (MUSP) reclama pelo alargamento do PART garantindo o mesmo tarifário e condições
de acesso em todo o território
nacional.
Para os utentes não faz sentido haver vários pesos e medidas em diferentes pontos do País.
A realidade
mostra-nos que nas grandes áreas metropolitanas, por opções inquinadas pela sede do lucro e de negociatas em torno da
contratação pública, temos uma rede de transportes gerida por operadores a quem foi concessionado o serviço público,
que efetivamente não serve as suas populações em horários, conforto,
qualidade e segurança. E que, logo que nos afastamos alguns quilómetros dessas grandes urbes,
verificamos que começa a escassear ainda mais a frequência dos transportes públicos, mesmo intra-municipais,
subsistindo freguesias em que a população
é privada do seu direito
à mobilidade fora dos períodos
em que funciona o transporte escolar.
Neste quadro,
o anúncio de apoio à aquisição de 325 autocarros e de 4 navios para o transporte fluvial, presente no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)
sendo uma boa notícia, não é o suficiente para corresponder
à visão estratégica de que o País
necessita.
É importante renovar a frota de transporte rodoviário e fluvial, mas o transporte público vai para além
destes e escasseiam composições no serviço da CP nas linhas urbanas e
suburbanas, mas também nas regionais
e falta a criação de novas linhas e a
recuperação de outras quase abandonadas.
Só um investimento na ferrovia possibilitará o desenvolvimento do interior do país e o descongestionamento nas cidades.
Há ainda a perguntar que empresas serão apoiadas nesta aquisição, sendo
que os quatro navios devem ficar em Lisboa, para começar a
cumprir a promessa dos dez novos navios para a
Transtejo. Ora, com a Carris a renovar a sua frota, para comportar a
Carris Metropolitana e o serviço das
quatro concessões, perguntamo-nos que parte da comparticipação do PRR passa a portagem
de Aveiras ou da Marateca.
O financiamento dos transportes públicos
de passageiros é uma matéria essencial para a melhoria do funcionamento do setor, mas não é a única. A definição
de uma estratégia nacional e regional tem também aqui um papel a desempenhar.
É paradigmático
que o Programa de Apoio à Redução Tarifária (PART) continue a diferentes velocidades em território nacional,
com as Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto com diferentes
critérios e apoios, e as Comunidades Intermunicipais (CIMs) a financiarem
algumas ligações, mas sem promoverem
a criação de novas carreiras para dar resposta às necessidades das populações.
O transporte público desempenha um
papel determinante na sociedade e economia. A quali- dade de vida na cidade depende de um sistema de transporte
público eficiente, acessível e de qualidade.
Sendo fundamental que o sistema vá para lá das cidades litorais e das
centralidades do interior do País,
de modo a potenciar o desenvolvimento do regional.
O propósito deverá ser sempre a
implementação de uma rede de transporte público democrá- tica e que garanta o direito à mobilidade em todo o território nacional.
Simultaneamente, o transporte
público é fundamental para a diminuição da emissão dos gases com efeitos de estufa e a única resposta
sustentável e eficiente para a deslocação de milhares de pessoas diariamente, nos seus movimentos pendulares.
Se os interlocutores
locais têm necessariamente um papel a desempenhar, cabe ao governo garantir
a universalidade do direito à mobilidade no território nacional.
O Movimento de
Utentes de Serviços Públicos (MUSP) considera que é urgente investir nos transportes públicos, urbanos, suburbanos, regionais e inter-regionais numa
perspetiva de cobertura do território
nacional, colmatando as assimetrias regionais, desenvolvendo o interior do País e descongestionando as áreas metropolitanas. Numa visão de integração e de complementaridade dos diferentes meios de
transporte.
Com este
propósito é imperativo que, ainda em 2021, o PART seja alargado a todo o
território nacional garantindo as mesmas condições de acesso de Bragança
a Faro.
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