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Abrantes | Movimento “Os Mesmos de Sempre a Pagar” defendem o direito à habitação
O Largo Dr. Ramiro Guedes, em Abrantes, foi esta segunda-feira, dia 30 de outubro, o palco de uma ação pública organizada pelo movimento “Os Mesmos de Sempre a Pagar”, com o mote “Pelo Direito à Habitação – Contra o Aumento das Taxas de Juro”. O movimento alertou para as dificuldades para as famílias em Abrantes e defendeu que sejam os bancos a suportar as taxas de juro.
A iniciativa, com hora prevista para as 10h00, reuniu poucas pessoas, mesmo com o esforço do movimento em divulgar a palavra por quem passava na rua. Em conversa com o mediotejo.net, Paula Cruz, uma das responsáveis pela iniciativa, e também dirigente sindical do CESP (Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal), sugere que muitas pessoas “não podem equacionar” aderir a estas ações, não só por “medo”, mas, também, pelo risco de perder “uma parte do rendimento que vai fazer falta”, nas contas finais do mês.
Em declarações aos jornalistas, Laurindo Cruz, porta-voz do movimento “Os Mesmos de Sempre a Pagar”, deixou no ar a reflexão de “se é esta Europa” que os portugueses querem, justificando que “há falta de soberania nacional” com o aumento das taxas de juro a serem controladas pelo Banco Central Europeu.
Questionado sobre as ‘soluções’ para travar este aumento, o movimento defende que “deviam ser os bancos a suportar”. “Toda a regulação das taxas de juro deviam ser absorvidas pela banca” que, segundo dados “concretos” disponibilizados nos folhetos informativos no local da ação, são de 11 milhões de lucro por dia.
O porta-voz receia que as medidas tomadas pelo Governo para mitigar o aumento das taxas de juro seja uma forma de “empurrar o problema com a barriga”. “Quem é que me diz a mim que daqui a dois anos não estamos com outra crise? Agora vão valer-se das guerras (…) Isto são desculpas políticas”.
Em declarações ao mediotejo.net, o porta-voz referiu que o aumento das taxas de juro “está a pôr em causa o direito à habitação que está consagrado na Constituição da República”. “Isto é um roubo que estão a fazer às pessoas, quero deixar isso bem saliente”.
No que respeita à situação local, em Abrantes, Laurindo diz que conhece pessoas que estão a regressar a casa dos pais, porque não conseguem suportar os gastos com a sua própria habitação. “Posso-lhe dar casos concretos, aqui na zona da Chainça, de pessoas que estavam a morar mais perto de Lisboa, e que estão a voltar para a casa dos pais com os filhos”.
O movimento defende que as dificuldades são transversais a várias faixas etárias, e não são só sentidas a nível de aquisição e pagamento das prestações de habitação própria permanente, mas, também, no que respeita ao arrendamento que, “parece” não ter leis, nomeadamente nas condições das casas.
Cristiana Nunes foi uma das participantes da ação pública desta manhã e que está “descontente com a atual política no país”. Mora com a filha no centro histórico da cidade e paga 220€ por mês, o que apesar de não parecer um valor muito elevado em comparação com os preços praticados, “é um custo elevado” para quem “ganha menos que o salário mínimo nacional”.
O valor da renda tem sido fixo desde que foi morar para lá, em 2017, e Cristiana já tentou negociar com o senhorio para comprar o imóvel. “Eu queria comprar a casa e quando ele me deu o valor total, eu recuei porque era um valor exorbitante”, explica.
E justifica, dizendo que “a casa já tem quase cem anos”, e o valor “não compensava” porque teria de fazer obras.
Apesar de ser a primeira iniciativa em Abrantes, o movimento planeia organizar mais ações públicas, e espera a adesão dos cidadãos. “Estaremos cá sempre para lutar, para melhorar a situação e a qualidade de vida das pessoas”, diz Laurindo Cruz.
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