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Estado paga para vender a EFACEC
O Estado vendeu a EFACEC à Mutares, um fundo financeiro alemão, com o compromisso de injectar mais 160 milhões de euros, a somar aos 200 milhões de euros que já tinha metido na empresa. A intervenção do Estado na EFACEC, em 2020, foi decisiva para a salvar das guerrilhas acionistas e do endividamento causado pelos desmandos da gestão, mas não correspondeu a uma estratégia de recuperação e desenvolvimento da empresa para a colocar ao serviço do desenvolvimento do País, pelo contrário, destinou-se apenas a uma nova privatização.
O Governo, em vez de agir para salvaguardar a EFACEC, entregou-a a pataco a um fundo de investimento alemão. Isto é, enchem a boca com a necessidade da competitividade da economia portuguesa e o crescimento do PIB, mas, no fundo, não estão comprometidos com os interesses do País, antes com os do grande capital.
Recorde-se que a EFACEC, com cerca de 2300 trabalhadores, exporta para mais de 60 países e desenvolve soluções de alta tecnologia para geração, transmissão e distribuição de energia, destacando-se a nível internacional na produção de transformadores. Nesta área, detém patentes internacionais em sistemas modulares inovadores e ambientalmente sustentáveis, tendo ganho concursos para produzir transformadores de alta tecnologia, 100% desenvolvidos na EFACEC, para as redes eléctricas de países como Angola, Brasil, Espanha, EUA, França, Moçambique, Reino Unido e Portugal.
Na área dos Transportes, a EFACEC, além de sistemas de energia para tracção elétrica, produz sistemas de sinalização e segurança ferroviária, plataformas de gestão ferroviárias, desenvolve estações de carregamento rápido para veículos elétricos e sistemas de gestão de pontos de carga. Isto é, as potencialidades desta empresa e deste grupo são imensas, para além de, em certos domínios, colocarem Portugal na rota da mais avançada tecnologia, incluindo no desenvolvimento de inteligência artificial.
O que o PS e o Governo deveriam ter feito com a EFACEC era resolver os problemas de tesouraria, garantir os direitos dos trabalhadores, integrar a empresa no Sector Empresarial do Estado e num projeto de desenvolvimento nacional, de valorização e promoção da produção nacional e de combate aos graves défices produtivos do País.
Repete-se a história das últimas décadas da indústria e do aparelho produtivo nacional em geral: a da submissão aos interesses dos grupos económicos e das multinacionais, e à União Europeia. O aumento da dependência externa, os desequilíbrios da balança comercial, a perda de emprego de qualidade, de competitividade da economia nacional e a perda de soberania, são as consequências das opções dos sucessivos governos do PS e do PSD.
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