quinta-feira, 26 de setembro de 2024

26 setembro - Dia Mundial SAÚDE AMBIENTAL


https://www.chmt.min-saude.pt/noticias/dia-mundial-da-saude-ambiental-entrevista-com-os-tecnicos-de-saude-ambiental-da-uls-medio-tejo/

Neste Dia Mundial da Saúde Ambiental, entrevistámos os Técnicos de Saúde Ambiental (TSA) da Unidade de Saúde Pública da Unidade Local de Saúde do Médio Tejo (ULS Médio Tejo), que partilharam a importância do seu trabalho na mitigação e adaptação às alterações climáticas.

Os TSA atuam em várias frentes, desde a monitorização da qualidade da água e do ar até à educação ambiental e implementação de ações preventivas, como planos de contingência para eventos climáticos. A sua contribuição é vital para reduzir os riscos de desastres naturais, como inundações e ondas de calor, e promover a resiliência das comunidades.

Enfrentando desafios como a resistência à mudança e a falta de literacia ambiental, os TSA trabalham para sensibilizar a população e melhorar a sua capacidade de adaptação. A colaboração entre diferentes setores, como saúde, meio ambiente e proteção civil, é essencial para fortalecer essa resiliência e enfrentar novos desafios, como o aumento de doenças transmitidas por vetores e a degradação da qualidade do ar e da água.

Além disso, os TSA destacam a importância da educação ambiental nas escolas e nas comunidades como uma ferramenta poderosa para preparar as gerações futuras para os impactos das alterações climáticas.

Não deixe de ler a entrevista a e fique a conhecer mais sobre o que é ser técnicos de Saúde Ambiental e qual a sua importância.

  1. Qual é o papel dos Técnicos de Saúde Ambiental na mitigação e adaptação às alterações climáticas nas comunidades?

R: Os Técnicos de Saúde Ambiental (TSA) desempenham um papel essencial na mitigação e adaptação às alterações climáticas, especialmente nas comunidades, através de ações relacionadas com a saúde pública, sustentabilidade ambiental e prevenção de riscos. Em diversas áreas, tais como:

  1. Monitorização e Avaliação de Fatores Ambientais:

– Qualidade da Água e Saneamento;

– Qualidade do Ar;

– Avaliação de Riscos Ambientais.

  1. Educação e sensibilização para a Saúde Ambiental:

– Promoção da Gestão de Resíduos;

– Promoção do Uso Sustentável de Recursos;

  1. Planeamento e Implementação de Ações Preventivas:

– Desenvolvimento de planos de contingência para eventos climáticos;

– Colaboram com autoridades locais para criar sistemas de alerta precoce para desastres naturais;

  1. Controle de Vetores e Doenças – Rede de Vigilância de Vetores (REVIVE):

– Prevenção de Doenças Transmitidas por Vetores – ixodídeos, culicídeos e flebótomos;

  1. Promoção da Segurança Alimentar

– Assegurar que as comunidades têm acesso a alimentos seguros;

  1. Redução da Vulnerabilidade das Populações

– Proteção de Grupos Vulneráveis, como idosos, crianças e pessoas com condições crónicas de saúde, que são mais suscetíveis aos impactos das mudanças climáticas, como ondas de calor e poluição.

  1. De que forma a vossa atuação pode contribuir para a redução dos riscos de catástrofes naturais, como inundações e ondas de calor?

R: Os Técnicos de Saúde Ambiental são fundamentais na redução dos riscos de catástrofes naturais, através de uma abordagem integrada que abrange desde a prevenção, educação e monitorização até a resposta a emergências.

Ajudam a preparar as comunidades para lidar com eventos adversos, promovendo uma abordagem mais sustentável e resiliente. As suas ações são vitais para a proteção da saúde pública, especialmente em contexto de alterações climáticas que tornam estes eventos mais frequentes e severos.

  1. Quais são as principais medidas preventivas que recomendam para criar comunidades mais resilientes face às alterações climáticas?

R: As principais medidas recomendadas pelos TSA prendem-se essencialmente com:

– Promoção da educação ambiental e informar a população sobre os impactos das mudanças climáticas e as ações que podem ser tomadas para mitigá-los;

– Preparação de Planos de Emergência – protocolos para evacuação, abrigos e assistência a populações vulneráveis durante desastres;

– Participação ativa em simulacros de desastres naturais, para treinar a comunidade em resposta e resiliência;

– Implementação de sistemas de monitorização para acompanhamento das condições climáticas e de saúde pública, permitindo uma resposta rápida a emergências;

– Avaliações de risco para identificar áreas e populações vulneráveis e priorizar intervenções;

– Colaboração com diferentes setores (saúde, municípios, proteção civil) para desenvolver políticas integradas que abordem a resiliência climática de forma abrangente.

– Implementação de programas de saúde pública para monitorização de doenças transmitidas por vetores.

  1. Como avaliam o impacto das alterações climáticas na saúde pública e na qualidade de vida das populações?

R: O impacto das alterações climáticas na saúde pública e na qualidade de vida das populações é avaliado através de diversos indicadores, estudos epidemiológicos e indicadores ambientais. Estas avaliações ajudam a identificar os riscos, vulnerabilidades e efeitos diretos e indiretos sobre a saúde humana

  1. Podem dar exemplos de iniciativas ou projetos que tenham desenvolvido para melhorar a resiliência de uma comunidade local frente a catástrofes climáticas?

Após os grandes incêndios ocorridos nos concelhos de Mação, Ourém e Abrantes, foi efetuada a monitorização da qualidade da água de abastecimento público de forma a avaliar o impacto dos incêndios nas captações e consequentemente na qualidade da água distribuída às populações.

  1. Quais são as maiores dificuldades que enfrentam no vosso trabalho ao tentar sensibilizar a população sobre os riscos ambientais e as mudanças climáticas?

A sensibilização das populações para os riscos ambientais e alterações climáticas é um desafio constante. Por exemplo, a falta de literacia em relação a esta temática e os seus efeitos na saúde das populações, a desinformação e resistência à mudança, porque parecendo um problema distante e que só afetará gerações futuras gera uma perceção de que não é necessário agir agora.

  1. De que forma a educação ambiental nas escolas e nas comunidades pode ajudar a preparar a população para enfrentar as alterações climáticas e os seus impactos na saúde?

A educação ambiental desempenha um papel essencial na preparação das populações para enfrentar as alterações climáticas e seus impactos na saúde. A educação ambiental nas escolas é bastante importante pois as crianças são excelentes veículos de transmissão da informação e de mudança de comportamentos dos adultos, sendo uma ferramenta poderosa para preparar as populações para enfrentar as alterações climáticas e seus impactos na saúde.

Ao promover a conscientização, o desenvolvimento de habilidades e a cidadania ativa, as comunidades tornam-se mais resilientes, sustentáveis e capacitadas para lidar com os desafios do futuro.

 

  1. Como veem a colaboração entre diferentes setores (saúde, meio ambiente, defesa civil, educação) para a criação de comunidades mais resilientes?

A colaboração com diferentes setores – ambiente, proteção civil, educação, entre outros (área social) – é essencial para a criação de comunidades mais capacitadas para as alterações climáticas e eventuais desastres naturais. Esta abordagem multissetorial permite que diferentes áreas compartilhem conhecimentos, recursos e experiências, resultando em respostas mais coordenadas e eficazes, melhorando o planeamento a longo prazo, a comunicação com a população e a capacidade de adaptação.

A troca de conhecimentos entre saúde, ambiente, proteção civil e educação fortalece a prevenção de riscos, mitiga os impactos das alterações climáticas na saúde pública e promove um desenvolvimento sustentável e inclusivo.

O que leva a comunidades mais preparadas e capacitadas para enfrentar os efeitos climáticos, garantindo uma melhor qualidade de vida para as gerações presentes e futuras.

  1. Existem novos desafios emergentes em termos de saúde ambiental que considerem particularmente importantes para o futuro próximo, especialmente em relação às alterações climáticas?

Sim, existem vários desafios emergentes em termos da saúde ambiental que se tornam cada vez mais importantes à medida que as alterações climáticas avançam.

Por exemplo:

– Doenças Emergentes: Vetores – o aquecimento global, a distribuição geográfica de mosquitos e outros vetores de doenças (como dengue, zika e malária) está a expandir-se, aumentando o risco de surtos em novas regiões;

– Qualidade do Ar: a poluição Atmosférica pode levar ao aumento dos problemas respiratórios e cardiovasculares e o impacto dos incêndios florestais, de onde resulta o aumento dos poluentes que afetam a saúde respiratória das populações nas áreas afetadas.

– Eventos Climáticos Extremos: Ondas de Calor – as ondas de calor são cada vez mais frequentes e severas, representando um risco significativo para a saúde, especialmente para grupos vulneráveis como idosos, crianças e pessoas com doenças crónicas.

– Efeitos sobre a Água: contaminação de Recursos Hídricos – a poluição e a alteração dos ciclos hidrológicos podem comprometer a qualidade da água potável, levando a surtos de doenças transmitidas pela água, assim como, a escassez de água, resultante de secas e mudanças nos padrões de precipitação.

  1. Que conselhos dariam à população para melhorar a sua saúde e segurança no contexto de um ambiente em constante mudança devido às alterações climáticas?

Alguns conselhos práticos que podemos dar para melhorar a saúde ambiental das populações face às alterações climáticas são:

  1. Mantenha-se informado;
  2. Prepare-se para Emergências, por exemplo:

– Desenvolva um plano familiar que inclua rotas de evacuação, pontos de encontro e contatos de emergência. Certifique-se de que todos na família conhecem o plano;

– Tenha um Kit de Emergência – água, alimentos não perecíveis, medicamentos, lanternas, pilhas e material de primeiros-socorros.

  1. Proteja-se contra doenças relacionadas com o clima: em zonas propensas a doenças transmitidas por mosquitos, use repelentes e roupas que cubram a pele para reduzir o risco de picadas;
  2. Qualidade do ar: evite o exercício físico no exterior em dias de fraca qualidade do ar.

Os Técnicos de Saúde Ambiental estão na linha de frente na resposta às alterações climáticas, atuando na prevenção de riscos à saúde pública, promoção de práticas sustentáveis e desenvolvimento de estratégias de adaptação para comunidades. O seu trabalho é importante para fortalecer a resiliência e a capacidade de resposta das populações aos efeitos adversos do clima, ao mesmo tempo que promovem a conscientização e educação ambiental a longo prazo.

publicado por usmt 





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