terça-feira, 20 de agosto de 2024

AFINAL, O CAFÉ FAZ MESMO BEM

 

 


AFINAL, O CAFÉ FAZ MESMO BEM

O café contém na sua composição mais de duas mil substâncias químicas. Para além da cafeína, o seu composto mais conhecido devido ao seu impacto na concentração e na sensação de fadiga, possui uma série de componentes que desempenham um papel antioxidante e anti-inflamatório importante.

O benefício conferido pela ingestão de café no que respeita a várias doenças parece ser derivado destes constituintes e não estar estreitamente associado ao efeito da cafeína. O ácido clorogénico, por exemplo, é um importante fitoquímico presente no café e parece estar associado à diminuição dos níveis de inflamação e atuar como um poderoso antioxidante.

No contexto metabólico, a ingestão de café está então associada à melhoria da resistência à insulina, muito provavelmente devido ao seu teor em cafeína, mas também em ácido clorogénico, magnésio e potássio. Essa vantagem relativa à melhoria da resistência à insulina parece justificar ou explicar em parte o facto de o consumo de café estar associado a um menor risco de alguns cancros.

Importante será referir que a maneira como o café é consumido tem diferenças no impacto que promove. Dizendo de outra forma, a preparação do café influencia o teor de determinadas substâncias responsáveis pelos potenciais benefícios.

O benefício máximo parece ocorrer quando os grãos de café são torrados e moídos em água quente, sem recorrer à filtração, o que corresponde a doses mais elevadas de compostos como o cafestol e o kahweol, importantes antioxidantes. A comprovar isto existe um estudo que envolveu mais de duas mil mulheres e em que ficou demonstrado o benefício da ingestão de café na redução do cancro da mama.

Contudo, estes efeitos apenas foram detetados naquelas que consumiam café preparado de acordo com o método clássico, ou seja, fruto da moagem dos grãos de café tostados e infundidos em água quente, como, por exemplo, a tradicional bica, ou até mesmo preparado através de uma cafeteira ou balão. Aquelas que bebiam café instantâneo não obtiveram qualquer benefício do seu consumo, antes pelo contrário.

Apesar do seu pouco interesse prático a este nível, dado que os benefícios teóricos não são alcançáveis com as doses recomendadas de café, a ingestão de cafeína parece estar associada a uma melhor gestão do peso corporal, por potenciar o gasto energético. Não será de esperar um impacto importante na perda de peso, mas aqui fica a curiosidade.

Em doses adequadas, a cafeína não necessita de ser restringida em indivíduos com hipertensão, desde que esta esteja controlada. As últimas orientações para a hipertensão arterial revelam exatamente isto: as recomendações atuais sugerem que a toma de 400 mg de cafeína é segura, e esse valor vai ao encontro dos últimos estudos clínicos, que mostram o benefício da ingestão de aproximadamente 4 cafés por dia (assumindo que um expresso tem 80 mg de cafeína).

Do ponto de vista prático da sua utilização e consumo, este potencial efeito benéfico deixa de se verificar quando ao café são adicionadas substâncias como açúcar, natas ou licores. Tome-o simples ou, se gostar do sabor, adicione-lhe um pouco de canela no momento da sua ingestão.

No livro “Alimentos de Hoje”, de Catarina Sousa Guerreiro, publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, pode ficar a conhecer estas e outras informações sobre o Café.  A Unidade Local de Saúde do Médio Tejo divulga esta publicação no âmbito de uma parceria com a referida fundação para a literacia em questões relacionadas com a saúde.



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