domingo, 25 de março de 2018

MÉDIO TEJO: reunião da Comissão Utentes


MÉDIO TEJO: Sessão Comemorativa dos 15 anos de actividade da Comissão de Utentes

Sessão Comemorativa dos 15 anos de actividade da Comissão de Utentes

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Intervenção
na Sessão Comemorativa
dos 15 anos de actividade da CUSMT
Em primeiro lugar agradecer a presença de um conjunto de entidades de alguma forma relacionadas e interessadas na prestação de cuidados de saúde, de trabalhadores e seus representantes e de utentes, com especial destaque para aqueles que, de acordo com as suas possibilidades, deram corpo à intervenção da Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo.

Ainda, um agradecimento a todas as entidades que pela cedência de espaços e meios logísticos têm contribuído para as actividades e organização dos utentes. Um apreço muito especial para a União dos Sindicatos de Santarém que tem permitido a utilização da Casa Sindical de Torres Novas para as reuniões regulares e, também, um agradecimento especial ao Conselho de Administração do CHMT pela realização desta iniciativa no Hospital de Torres Novas.

Desde Março de 2003, data da sua constituição que a Comissão Utentes vem afirmando que a saúde é o bem mais importante do ser humano. E não nos cansamos de repetir que a humanidade produz riqueza e saber suficientes para que todos tenham acesso a cuidados de saúde e consequentemente seja reduzido o sofrimento de doentes e familiares. Mas apesar da criação e funcionamento do Serviço Nacional de Saúde, o mais importante e valioso serviço público da população portuguesa, há problemas que se repetem e agravam, com consequências negativas para utentes, trabalhadores e o próprio SNS.

Organização

No âmbito da prestação de cuidados de saúde todos os intervenientes estão organizados, seja no sector público seja no social ou no privado. Ele há organização dos trabalhadores, dos gestores, de fornecedores, fabricantes… também de doentes e utentes. Por certo, a organização dos utentes é a mais fraca e, na nossa opinião, a que deveria ser mais forte.

Pela nossa parte, na região (e também a nível nacional) há 15 anos que damos a nossa contribuição. Somos um movimento de opinião e reivindicativo. Sempre o dissemos e dizemos: intervimos social e politicamente.

Temos regras claras e abertas de funcionamento: Todo e qualquer cidadão da área geográfica do Médio Tejo pode aderir à CUSMT e participar nas suas actividades. Fazemos comunicação e informação claras, precisas e permanentes. Temos reuniões regulares, publicitadas e abertas à participação de todos os interessados. Mas estamos longe daquilo que idealizamos e queremos em termos de participação popular.

EM TODO O MÉDIO TEJO, através de abaixo assinados, reuniões, manifestações, encontros, sessões de esclarecimento e vigílias, contactos com as instituições, a Comissão de utentes tem exercido a sua acção reivindicativa e feito propostas.
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Relacionamento institucional

Não negamos comparecer a qualquer reunião e ou iniciativa para a qual somos convidados. Dizemos até que algumas das nossas solicitações não têm tido resposta. Mas, registamos como muito positiva a frequência de reuniões com CHMT, ACES, deputados do distrito na AR, com algumas autarquias e com entidades importantes como Bombeiros. Também, sempre que solicitámos reuniões no Ministério da Saúde, elas concretizaram-se.

A nossa presença no Conselho de Comunidade do ACES MÉDIO TEJO, só não tem sido mais incisiva e produtiva porque, têm sido muito poucas as reuniões e com pouca participação de algumas das entidades, como por exemplo, os representantes das Assembleia Municipais.
Já no Conselho Consultivo do CHMT, que tem reunido dentro dos prazos legais, continuamos a considerar muito útil a nossa presença atendendo à perspicácia e seriedade dos assuntos sobre os quais opinamos.

Importante, também referir, a nossa relação com a Comunicação Social. Toda a nossa actividade e documentação produzida é enviada para os Órgãos de Comunicação Social. Para mais uma consulta ao nosso blog (activo de 2006) também é uma excelente fonte de informação. É importante e fundamental o trabalho desenvolvido pelos Órgãos da Comunicação Social. Mas ao longo destes quinze anos há como que uma relação bipolar. Ou escrevem e divulgam tudo, ou nos esquecem por longos períodos. De uma forma ou outra, a nossa actividade continuará.

Financiamento

Ainda bem que temos connosco os familiares e amigos mais velhos. Mas o envelhecimento populacional e as doenças crónicas são uma realidade a que não podemos fugir. Consequência: AUMENTA A PROCURA E A DESPESA COM CUIDADOS DE SAÚDE.

Todos temos conhecimento dos problemas resultantes do subfinanciamento crónico fruto dos constrangimentos financeiros nacionais e europeus, em que se gasta mais em juros do que com o SNS e por não ser dada a primazia ao sector da saúde no âmbito do financiamento das actividades do Estado.

Trabalhadores

Nós que defendemos a humanização dos cuidados de saúde não imaginamos unidades de saúde sem trabalhadores. A nossa homenagem e gratidão aos trabalhadores que “vestem a camisola” do Serviço Nacional de Saúde. Eles, com a sua disponibilidade, o seu saber e o seu espírito de sacrifício, contribuem para cuidados de saúde de proximidade e qualidade, reduzindo o sofrimento humano.

É necessária uma política de recursos humanos que responda aos problemas imediatos (para melhorar já a qualidade de alguns serviços) e que perspective o futuro. Há que exigir responsabilidade e bom senso a quem contrata e a quem é contrato. Tem de se olhar para o futuro com base em vencimentos justos, formação profissional e organização do trabalho eficiente e eficaz. De uma vez por todas tem de olhar para a colocação de profissionais nas zonas carenciadas, libertando, em alguns casos, os responsáveis de teias burocráticas.

Não há reunião entre esta Comissão de Utentes e responsáveis de unidades de saúde, instituições e poder política em que os recursos humanos não façam parte da ordem de trabalhos. Tal é a nossa preocupação.

Saúde Pública

Preocupados, não PREOCUPADÍSSIMOS, com as questões de saúde pública. No caso da sinistralidade rodoviária com consequências dramáticas e imediatas. Dependências e más práticas de vida que são uma autêntica bomba relógio para o SNS.

É necessária uma aposta séria na prevenção promovendo boas práticas alimentares, redução de comportamentos aditivos e de sinistralidade rodoviária,… E, porque estamos no Médio Tejo, atente-se aos problemas ambientais.

Cuidados Primários

Damos primazia aos Cuidados de Saúde Primários, nas suas diversas vertentes e na perspectiva de ir corrigindo o que está mal e multiplicar o que está bem.      

São precisos mais médicos, mais enfermeiros para humanizar os cuidados de saúde e reforçar a proximidade. Também faltam profissionais administrativos. Os horários dos centros de saúde têm de adequados aos tempos de trabalho da população activa. Coordenação entre Ministério e Autarquias com vista a dar comodidade e funcionalidade a utentes e profissionais nas Unidades de Saúde, nomeadamente em questões de temperatura ambiente. São precisas mais unidades de cuidados à comunidade.

Continuamos a não perceber porque não se resolvem os problemas de diferentes condições de acesso a cuidados de saúde tendo em conta as características das USF e UCSP.

Continuamos a insistir na necessidade de Unidades Móveis de Saúde e num sistema informático eficaz.

Numa óptica de medicina preventiva, para manutenção e preservação da saúde, as unidades de saúde devem ter uma atitude pró-activa, de acompanhamento de todos os utentes, independentemente da idade e de recorrerem ou não com frequência aos serviços clínicos, pois só assim as doenças podem ser detectadas atempadamente e tomadas as medidas adequadas para evitar a sua progressão ou mesmo fazer regredir os sintomas, diminuindo os custos ao SNS e aos utentes, diminuindo também o seu sofrimento e sua angústia, bem como às suas famílias.
Somos pela colaboração e empenho das autarquias no esforço de melhorar a prestação de cuidados de saúde de proximidade. Disse há bons exemplos no Médio Tejo (p.e. os transportes), mas temos muitas dúvidas quanto algumas das notícias sobre a descentralização dos serviços de saúde. Também não percebemos muitas das quezílias e problemas burocrático e/ou legais entre autarquias, administração central e unidades de saúde. Haja diálogo, bom senso e acção. As populações agradecem!

Cuidados Hospitalares

No CHMT (hospitais de Abrantes, Tomar e Torres Novas) há 5 (CINCO) serviços de URGÊNCIA que funcionam todos os dias do ano, 24 horas por dia. As urgências são o “fim da fila” onde chegam os principais dramas clínicos e sociais. Nas unidades hospitalares, muitos doentes idosos e com doenças crónicas chegam às urgências verificando-se um aumento de internamentos. Grande afluência às urgências hospitalares em determinados períodos. Períodos de espera por vezes longos. Possibilidade de propagação de doenças e aumento de infecções hospitalares. Pouco tempo e atenção no atendimento o que leva a frequente regresso à urgência. Profissionais que estão a atingir os seus limites físicos.

Há problemas? Claro e são muitos. Mas a denúncia pela denúncia nunca resolveu nenhum problema.

É preciso: reforço do número de profissionais; melhoria dos serviços de urgência; melhoria dos transportes inter-hospitalares;…


Não desistimos dos objectivos: Urgência Medico Cirúrgica, Cirurgia, Pediatria e Medicina Interna nas três unidades. Melhorar as especialidades existentes. (Alguns destes objectivos estão concretizados pela luta das populações, pelo empenho de trabalhadores e dirigentes).

Cuidados continuados

A carência de camas nos cuidados continuados no Médio Tejo e no Distrito, é reconhecida pelas entidades da saúde. O mesmo para os Cuidados Paliativos.

São precisas mais camas nos cuidados continuados e paliativos no sector público, e uma gestão que discrimine positivamente os utentes do Distrito.
FUNDAMENTAL a articulação entre os diversos níveis de prestação de cuidados de saúde!

Assistência Medicamentosa

A dispensa de medicamentos é um importante vector na prestação cuidados de saúde. Não percebemos qual foi a intenção governamental em aprovar legislação que levou (e leva) à concentração de farmácias nas zonas urbanas em detrimento das zonas rurais.

Também importantes para a prestação de cuidados de saúde são os bombeiros e as suas corporações.

……….

Como não nos cansamos de repetir, o que está errado deve ser corrigido, o que está bem deve ser multiplicado. O TEMPO É DE ESPERANÇA, MAS NÃO DE ILUSÕES. Continuaremos a trabalhar por cuidados de saúde de qualidade e proximidade! Com o contributo de todos, muito trabalho e bom senso é possível, um SNS público, universal, geral, eficiente, eficaz e tendencialmente gratuito. O mesmo que dizer: reduzir o sofrimento humano.

Médio Tejo, 23.3.2018
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publicado por usmt às 10:12