MÉDIO TEJO: 5 urgências abertas 24 horas, 365 dias por ano
EPISÓDIOS de urgência:
2021 (ate 31maio) 40 048
2020 101 975
2019 149 310
2018 145 105
"O Alberto tem 48 anos.
O Alberto trabalha na construção civil.
O Alberto não é nenhum analfabeto, mas também não é a pessoa
mais culta do mundo.
O Alberto é uma pessoa simples que trabalha seis dias por semana
para que os filhos tenham uma vida melhor que a dele.
O Alberto, certo dia, sentiu uma dor no peito muito forte, como
nunca tinha sentido antes.
O Alberto nem sequer gosta de ir ao Hospital, mas nesse dia
sentiu que tinha de ir.
O Alberto teve de esperar trinta minutos pela triagem, porque
antes dele estava a Jéssica, de 22 anos, que foi à praia e apanhou um escaldão.
E o Tomás, de 19 anos, que vomitou uma vez há duas horas, estava à sua frente.
E a dona Ermelinda, de 78 anos, que tem uma dor nas costas há três meses. E o
Sérgio, de 38 anos, que teve uma dor de cabeça ligeira que entretanto passou. E
a Sandra, de 52 anos, que mediu a tensão e ficou preocupada porque a máxima e a
mínima estavam muito juntas. E o senhor Adérito, de 68 anos, que comeu
demasiado ao almoço e agora tem a glicémia alta. E a Tatiana, de 18 anos, que
achou que estava grávida, quis fazer o teste na urgência e que armou uma
peixeirada quando não gostou da pulseira que recebeu. E o pai da Tatiana, que
paga o ordenado à enfermeira da triagem. E o tio da Tatiana, que vai fazer uma
espera ao segurança que não o deixou entrar. E a mãe da Tatiana, que vai chamar
a CMTV.
O Alberto, quando chegou a vez dele, estava agarrado ao peito e
a transpirar muito.
O Alberto não soube explicar bem os sintomas que tinha mas a
enfermeira percebeu que ele não estava bem.
O Alberto foi levado para a sala de reanimação da urgência.
O Alberto fez um electrocardiograma, que confirmou o diagnóstico
de enfarte agudo do miocárdio.
O Alberto, pouco depois, entrou em paragem cardio-respiratória.
O Alberto acabou por falecer apesar de todas as tentativas de
ressuscitação que foram tentadas.
O Alberto podia ainda estar vivo se os restantes utentes não
abusassem do serviço de urgência.
Não sejas como a Jéssica, nem como o Tomás, nem como a dona
Ermelinda, nem como o Sérgio, nem como a Sandra, nem como o senhor Adérito, nem
como a Tatiana e a sua família.
Hoje foi o Alberto. Amanhã podes ser tu."
(Autoria da página Pérolas da Urgências)
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