Santarém, 15 mai (Lusa) – Pouco mais de uma centena de pessoas, no total, concentrou-se hoje em frente aos hospitais de Santarém e aos que integram o Centro Hospitalar do Médio Tejo, em Torres Novas, Tomar e Abrantes, reclamando melhores cuidados de saúde.
“Esta política de direita é uma fábrica de fazer doentes”, lia-se num dos cartazes escritos à mão, ali mesmo, e exibidos por uma das pouco mais de duas dezenas de pessoas que se concentraram junto à entrada do hospital de Santarém.
As vigílias marcadas para as unidades de Abrantes e de Tomar registaram afluência idêntica e apenas os utentes de Torres Novas afluíram em maior número, “entre 60 a 70”, segundo o porta-voz do Movimento de Utentes de Serviços Públicos (MUSP) do distrito de Santarém, Augusto Figueiredo.
Convocadas no passado dia 20 de abril, as vigílias realizadas hoje junto aos hospitais do distrito visam demonstrar a preocupação crescente com a redução dos cuidados de saúde numa zona que representa “14% do território nacional e que contém alguns dos pontos negros de desertificação” do país, disse Augusto Figueiredo à Lusa.
“Tivemos um dos serviços nacionais de saúde melhores do mundo. Retiraram-nos o que é nosso”, disse, frisando que a saúde “é um direito humano” e constitucional.
“Ficamos com um serviço de urgência sem dignidade, o mesmo com a medicina interna, a pediatria e até as maternidades podem fechar. Isto representa um atraso de mais de 60 anos”, frisou.
Em Abrantes, o porta-voz da Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT), Manuel Soares, disse à Lusa, por sua vez, que a saúde “está cada vez mais longe e mais cara”, tendo criticado as premissas da portaria 82/2014 de 10 de abril, que pretende classificar e reorganizar a oferta hospitalar nacional.
“A questão de fundo é de caráter político e o alcance da aplicação do articulado da portaria vai pôr em causa a prestação de serviços públicos hospitalares de qualidade e proximidade às populações, abrindo caminho ao setor privado”, criticou.
Em vigílias que contaram com a presença de dirigentes locais e regionais e de deputados dos partidos mais à esquerda, como Francisco Madeira Lopes (da CDU) em Santarém e Helena Pinto (BE) em Abrantes, a ausência da população foi justificada por Augusto Figueiredo com o “cansaço, o desemprego, o medo, o desencanto com os políticos”, mas também pela dispersão em quatro cidades distintas.
Contudo, o porta-voz do MUSP referiu a importância de as pessoas “perceberem que a sua presença e participação cívica é fundamental”.
Manuel Soares defendeu a “unidade popular em torno da luta contra as atuais políticas de saúde e dos governantes que a preconizam”, tendo advogado que “é a própria coesão territorial que está em causa”.
“Valências tão importantes e indispensáveis como a oftalmologia, otorrino, gastro, cardiologia, oncologia, nefrologia/hemodiálise, urologia e a maternidade só ficarão no CHMT se o Ministério a tal for obrigado pela luta das populações”, vincou.
Manuel Soares disse ainda que a CUSMT já recolheu mais de 6 mil assinaturas para entregar sob forma de petição ao Ministério da Saúde e à Comissão da Saúde da Assembleia da República, “de modo a levar os deputados a debaterem a questão”.
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Lusa/fim
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