domingo, 22 de junho de 2014

Agora, mobilizar e informar!

Movimentos de utentes marcam novo protesto nos hospitais do distrito

A Comissão de Utentes da Saúde de Santarém e o Movimento de Utentes dos Serviços Públicos (MUSP) do distrito vão realizar ações de protesto frente ao Hospital de Santarém e aos hospitais do Médio Tejo no dia 27 de junho, às 18 horas.
As razões desta luta foram dadas a conhecer esta semana, em conferência de imprensa.
“Em primeiro lugar temos de travar a aplicação da Portaria 82/2014 que pretende eliminar 8 valências médicas do Hospital de Santarém, incluindo o fecho das duas maternidades do distrito, em Santarém e Abrantes”, afirma Augusto Figueiredo, dirigente da comissão de utentes. “Assistimos na última semana a uma mistificação deste problema, com os responsáveis do Centro Hospitalar do Médio Tejo a garantirem que a portaria não irá fechar nenhuma valência e também em Santarém nos querem tranquilizar de que não fecha nenhum serviço porque irá haver um grupo hospitalar do Ribatejo; mas então seria preferível os nossos governantes deixarem-se de conversas e publicarem uma nova portaria a dizer que esta reorganização dos hospitais não se aplica ao distrito de Santarém”, declara Augusto Figueiredo.
O dirigente da comissão de utentes afirma que “o despacho emitido pelo ministro Paulo Macedo no início de Junho já deu origem à constituição de um grupo de trabalho para levar por diante esta reorganização hospitalar, devendo apresentar uma proposta ao ministro da Saúde até 15 de julho. para que os projetos estejam feitos até 30 de Setembro e em aplicação até 31 de Dezembro.
Para Augusto Figueiredo, esta é a prova de que a portaria vai mesmo ser aplicada e que, ao contrário do que nos querem fazer crer, o governo pretende levar por diante a aplicação de medidas que tornam ainda mais difícil o acesso a cuidados hospitalares – expressas por exemplo no Orçamento de Estado, no agravamento das condições de financiamento das unidades de saúde, no anúncio da formação de nebulosos grupos hospitalares – e que vão implicar o encerramento de dezenas de especialidades médicas e até unidades hospitalares, numa abertura clara à medicina privada, com prejuízos evidentes para as populações”.
A Comissão de Utentes da Saúde considera “intolerável e inadmissível que existam 90.000 pessoas sem médico de família no distrito de Santarém e que o recente concurso aberto pela ARSLVT só prevê a contratação de 15 médicos para o distrito, quando segundo os responsáveis, seriam necessários mais 26 médicos para os centros de saúde da Lezíria e mais 24 para o Médico Tejo, carência que corresponde à existência de 90 mil pessoas sem médico de família na região”.
Augusto Figueiredo, do MUSP, afirmou que as estruturas representativas dos utentes vão pedir uma reunião “com urgência” ao ministro da Saúde.
Pretendem dar conta ao ministro da “crescente dificuldade sentida pelos utentes na prestação de serviços de saúde, tanto nos cuidados primários como nos hospitais”, e vão pedir ao ministro a revogação da portaria 82.
“Esta portaria representa o funeral do Serviço Nacional de Saúde como o conhecemos”, afirmou Augusto Figueiredo, lançando o apelo aos utentes para que se manifestem em defesa do SNS.
Entretanto, os movimentos de utentes vão reunir-se com autarcas das freguesias, das câmaras e assembleias municipais e das comunidades intermunicipais, com os sindicatos dos profissionais da saúde, com a Ordem dos Médicos, com a comissão de saúde da Assembleia da República, associações de especialidade, bombeiros, com o objetivo de reforçar a defesa do Serviço Nacional de Saúde, e mobilizar o maior número de pessoas para as ações de protesto marcadas para o próximo dia 27.
Manifesto em defesa do SNS As comissões de utentes de Santarém e do Médio Tejo lançaram há uma semana um manifesto “em defesa do Serviço Nacional de Saúde, por cuidados de saúde de proximidade e qualidade no distrito de Santarém”. O documento que está a circular para recolha assinaturas no distrito exige a revogação da portaria 82/2014, manter as valências hospitalares nos quatro hospitais, a articulação dos cuidados de saúde, manter as duas maternidades no distrito (Abrantes e Santarém), mais médicos e outros profissionais nos centros de saúde, farmácias nos meios rurais, cuidados de saúde de proximidade e qualidade”.
Além das ações públicas de protesto e reivindicação frente aos 4 hospitais no próximo dia 27 de junho, a partir das 18 horas, está ainda a ser organizado um Fórum distrital para debater o futuro dos cuidados de saúde no distrito.

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