Mais de 40% das estações servidas por Intercidades não têm bilheteira. CP admite expulsar passageiros sem bilhete, revisores evitam cumprir regra para fugir a conflitos
Viajar num Intercidades em Portugal tornou-se, para muitos, uma lotaria ferroviária: ou há lugar, ou há "bom senso" dos revisores. E se nenhuma das duas coisas aparecer, há o risco real de ficar apeado numa estação vazia, no interior do país, fora de horas
Em Vila Velha de Ródão, sede de concelho com mais de três mil habitantes, já ninguém sabe exatamente quando é que a bilheteira da estação fechou - ou se alguma vez existiu. Ainda assim, todos os dias partem dali dezenas de passageiros rumo a Lisboa, à Covilhã ou a Castelo Branco. Entre eles está Fernando, de 53 anos, que preferiu usar um nome fictício para não ser identificado. Desde que se lembra, entra no Intercidades sem bilhete. Não o faz por desleixo nem para evitar o pagamento, simplesmente não tem onde o comprar.
Para adquirir o título de transporte antes de embarcar, teria de percorrer cerca de 60 quilómetros até Abrantes, a estação mais próxima com bilheteira. É por isso que segue religiosamente o procedimento que a própria CP recomenda para quem vive em localidades sem meio de venda: embarcar e procurar de imediato o revisor. ...
Sem comentários:
Enviar um comentário