terça-feira, 27 de setembro de 2011

Protestos em Benavente


População de Benavente aprova moção em defesa dos serviços de saúde e de melhores condições de vida

Algumas centenas de pessoas aprovaram, esta segunda-feira à noite, uma moção em que exigem o cumprimento do acordo do Estado com a Misericórdia de Benavente, permitindo o acesso às consultas de especialidade, entre outras medidas de melhoria de vida das populações.

A moção, aprovada com apenas uma abstenção, é dirigida ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, por ter um carácter que ultrapassa as questões da área da saúde, ao exigir, nomeadamente, o aumento dos salários e das pensões e a transferências de verbas que permitam às autarquias cumprirem as suas funções, disse à agencia Lusa o porta-voz da Comissão de Utentes da Saúde de Benavente.

Domingos David disse à Lusa que, se bem que a questão do acordo com a Santa Casa da Misericórdia tenha voltado a dominar a reunião, estiveram igualmente em discussão questões como a “degradação das reformas” que está a levar muitos idosos “a não tomarem a medicação o mês todo”, pois muitas vezes “têm que optar entre comprar alimentos ou medicamentos”.

O porta voz da Comissão de Utentes da Saúde de Benavente disse à Lusa que, desde a reunião realizada no início de Agosto, “alguns problemas foram resolvidos”, como o acesso à fisioterapia e às consultas de dermatologia, estando em resolução o acesso à cirurgia geral, mas faltando ainda os serviços de cardiologia e oftalmologia, nomeadamente.

O movimento de contestação teve origem no incumprimento de um acordo assinado entre a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e a Santa Casa da Misericórdia de Benavente (SCMB), que permitia o acesso da população às consultas da especialidade.

No início de Julho a população de Benavente foi impedida de usufruir das comparticipações do Serviço Nacional de Saúde no recurso às consultas da especialidade, exames e tratamentos na SCMB, ao contrário dos utentes dos concelhos vizinhos.

Domingos David insistiu que o encaminhamento dos utentes de Benavente para o Hospital de Vila Franca de Xira “sai mais caro ao Serviço Nacional de Saúde”, porque, disse, “uma consulta de especialidade custa muito menos ao Estado na Misericórdia do que ao Grupo Mello”, que gere o Hospital de Vila Franca.

“É irracional, é um acto de má gestão, porque aumenta muito os custos ao SNS e os custos e transtornos aos utentes”, afirmou Domingos David.

O porta voz da comissão de utentes disse acreditar que haverá “bom senso” na resolução do problema, “até porque Vila Franca não tem capacidade de resposta e a população de Benavente representa uma gota de água no volume de negócio do Grupo Mello”.

A moção, que será entregue na residência oficial do primeiro-ministro no início de Outubro, traça um quadro sobre o concelho, referindo, nomeadamente, que Benavente tem 7.000 utentes sem médico de família, que encerraram três extensões de saúde e duas funcionam de forma deficiente, o mesmo acontecendo com o Serviço de Atendimento Permanente.
(in Mirante)

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