sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Utentes da saúde, fartos de serem desprezados, começam a protestar por todo o País

Saúde: Utentes de Felgueiras descontentes com falta de médicos manifestaram-se junto à câmara

Felgueiras 16 set (Lusa) - Cerca de duas centenas de utentes do centro de saúde de Felgueiras, descontentes com a falta de médicos no concelho, marcharam hoje até à câmara municipal e exigiram da autarquia uma posição mais forte sobre a matéria.

Munidos de cartazes, com frases de denúncia a propósito do sofrimento dos doentes, os manifestantes foram recebidos à porta dos Paços do Concelho pelo vice-presidente da câmara, João Sousa, a quem entregaram um documento.

O vereador ouviu Júlio Antunes, representante dos utentes, apelar a um maior empenho da autarquia para tentar solucionar o problema, que disse ser "dramático".

Júlio Antunes reafirmou que o número de clínicos no concelho é insuficiente, garantindo haver cerca de 60 por cento da população sem médico de família.

Nos meses de férias, a situação agravou-se, tornando ainda mais difícil a situação que já existia, decorrente da aposentação de vários médicos que prestavam serviço no centro de saúde de Felgueiras e nas suas extensões.

O vice-presidente da autarquia disse que a situação preocupa todo o concelho, revelando que o presidente da câmara, Inácio Ribeiro, aguarda para ser recebido pelo ministro da Saúde para tratar da insuficiência de médicos.

João Sousa referiu também que o município tem contactado, nas últimas semanas, a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N), sensibilizando-a para a gravidade da situação, mas daquele organismo tem sido dito que, por estar demissionário, aguardando uma nova direção, nada pode fazer.

O autarca prometeu que, na próxima semana, a comissão de utentes será recebida pelo presidente da câmara para articularem posições.

Antes de rumarem aos Paços do Concelho, os manifestantes tinham-se concentrado junto ao centro de saúde.

Entre os manifestantes encontravam-se sobretudo idosos e pessoas com doenças crónicas, que gritavam insistentemente: "Queremos mais respeito".

À agência Lusa foram contando situações pessoais, como o caso de João Ferreira, que diz estar, conjuntamente com a esposa, sem médico de família.

"Em vim aqui três vezes desde junho, tenho uns exames para mostrar, e não temos quem nos atenda", contou.

Outra utente, Fernanda Peixoto, disse ter passado uma noite inteira para ser atendida de manhã.

À agência Lusa, Inês Pereira, que diz sofrer de problemas numa anca, queixa-se das dificuldades para ser atendida no centro de saúde.

Há mais de uma décadas que os responsáveis políticos no concelho reclamam da tutela a colocação de mais médicos.

Recentemente, uma fonte da ARS, questionada pela Lusa sobre o assunto, reconheceu o problema, mas disse que tudo está a ser feito para colocar mais médicos no concelho, o que poderá acontecer com a contratação de novos clínicos.

"É uma situação de está a ser equacionada", disse a fonte.

APM.

Lusa/fim

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