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Há 4 mil utentes sem médico de família no Centro de Saúde da Marinha Grande
"Os últimos desenvolvimentos na área da saúde local de que tivemos conhecimento, a nosso ver, significam um profundo ataque, que pode pôr em causa de forma parcial ou total os serviços públicos no concelho", introduz a Comissão.
"Está em curso a criação de uma Unidade Local de Saúde da Região de Leiria, que englobará o nosso Centro de Saúde," e "para tal já foi criado um grupo de trabalho para elaborar o plano de negócios desta unidade, sem qualquer audição dos profissionais dos cuidados de saúde primários e dos utentes e/ou seus representantes", realça a Comissão no comunicado.
Entretanto, expõe, "o nosso Serviço de Atendimento Permanente não funciona durante o dia há cerca de seis meses e, durante a noite, só funciona às vezes; no Centro de Saúde cerca de 4 mil utentes (50% dos quais imigrantes), não tem médico de família; na extensão de Saúde de Vieira de Leiria foi retirado um médico, pelo que o atendimento passa estar muito condicionado".
"Do ponto de vista desta Comissão, a tentativa da criação da Unidade de Saúde Local, com a vertente de negócio, sob gestão do Hospital de Leiria, pode limitar em muito o funcionamento dos nossos serviços de saúde locais, quanto ao atendimento a dar à população. Este desenho, a nosso ver, insere-se numa política de descredibilização dos serviços públicos de saúde, para levar a população a procurar cada vez mais os serviços privados saúde e, em certa medida, acabar com o SNS".
"A saúde pública não pode ser um negócio", prossegue ainda no comunicado.
"Sabe a Comissão que o assunto da criação desta USL já foi abordada em reunião onde esteve presente o senhor presidente da Câmara. A Comissão de Utentes teve conhecimento desta nova política através dos seus contactos com outras entidades, nomeadamente profissionais de saúde dos diferentes Centros de Saúde, e está muito preocupada com o caminho que as coisas estão a levar, estando na disposição, tal como no passado, de defender os direitos da população utente", refere o grupo.
"Com esse objectivo já solicitámos reuniões com: a Câmara Municipal no seu conjunto, para saber qual a sua posição sobre o assunto e a razão de não ter, minimamente, informado a população sobre o que se desenha; o ACES Pinhal Litoral para indagar sobre o que está em curso e em que mediada podem ser afectados os utentes; a ARS Centro para saber como o assunto se está a desenrolar e quais as suas perspectivas na defesa dos cuidados de saúde pública do concelho; com profissionais dos Cuidados de Saúde Personalizados (CSP), para articular em conjunto uma posição sobre este assunto", informa a Comissão, adiantando que prevê ainda "oportunamente reunir com a população para dar conhecimento da situação e aferir da sua vontade em se mobilizar na defesa dos CSP".
Por tudo isto, conclui, "alertamos a população para a necessidade de, brevemente, nos termos de manifestar contra o que julgamos ser um ataque sem precedentes aos nossos cuidados de saúde primários" e "contra esta tentativa, ainda não vista, de provocar o definhamento dos serviços públicos de saúde, e para empurrar cada vez mais os utentes para os serviços privados de saúde".
Por fim, remata, "alertamos para a necessidade de estarmos todos mobilizados na defesa do nosso direito a um serviço de saúde pública de qualidade e que responda aos nossos anseios".
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