segunda-feira, 19 de maio de 2025

O Sector das Comunicações em 2024

 https://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=1809709


O Sector das Comunicações em 2024

Já se encontra disponível o relatório “O Sector das Comunicações 2024”, regularmente produzido e publicado pela ANACOM, que caracteriza o sector das comunicações eletrónicas e postais em 2024 e explica a sua evolução ao longo do ano em análise.

Abrandamento da adesão a acessos de serviços fixos e aumento ligeiro dos utilizadores efetivos de serviços móveis

Em 2024 o número de acessos fixos registou um aumento de 1,4% face ao ano anterior. O serviço telefónico fixo (STF) registou um acréscimo de cerca de 0,4%, o menor crescimento registado desde 2019, totalizando 5,5 milhões no final do ano. Tanto no serviço de distribuição de sinais de TV por subscrição (TVS) como no serviço de Internet em local fixo (BLF) o número de acessos atingiu os 4,7 milhões (+1,5% e +2,5% do que no ano anterior, respetivamente). O crescimento da TVS foi o mais baixo desde 2006 e o crescimento do BLF foi o menor desde que esta informação é recolhida (2001), em parte resultado das já elevadas taxas de penetração de cada um destes serviços.

Existiam cerca de 18,7 milhões de acessos móveis ativos, uma diminuição de 0,7% face ao ano anterior. O número de acessos móveis efetivamente utilizados foi de 13,6 milhões, tendo verificado um aumento de 0,1%. Os utilizadores do serviço móvel de acesso à Internet registaram um aumento de 2,2% face ao ano anterior.

Taxa de penetração continua a aumentar nos serviços de comunicações eletrónicas em local fixo

Em 2024, aumentou a taxa de penetração dos serviços prestados em local fixo por 100 habitantes, nomeadamente da BLF (+1,1 p.p.), do TVS (+0,6 p.p.) e do STF (+0,2 p.p.).

Considerando apenas o segmento residencial, destacaram-se as taxas de penetração da TVS com 97 acessos em 100 famílias, seguindo-se o STF com 96 acessos por 100 famílias e a BLF com 93 acessos por 100 famílias, de acordo com a informação reportada pelos prestadores e os dados demográficos do Instituto Nacional de Estatística (INE).

O crescimento da penetração dos serviços fixos deveu-se à crescente adesão aos pacotes de serviços, que atingiu uma taxa de penetração de 97,1 em 100 famílias em 2024. De referir que os prestadores têm promovido a adesão a ofertas em pacote com maiores níveis de serviço, nomeadamente pacotes convergentes. As ofertas isoladas ou single play, que se caracterizam por não serem comercializadas em pacote, representavam 14,5% dos acessos fixos.

Aumento da adesão à BLM face a 2023

No caso dos serviços móveis, a taxa de penetração do serviço telefónico móvel (STM) com utilização efetiva ascendeu a 127,6 por 100 habitantes, enquanto a taxa de penetração do acesso à Internet em banda larga móvel (BLM) situava-se nos 100,5 por 100 habitantes, mais 2,2 p.p. que no final de 2023.

Em 2024, no total dos acessos móveis comercializados, 36,9% foram adquiridos num pacote de serviços, mais 3 p.p. face ao ano transato. A taxa de penetração do STM comercializado num pacote com serviços prestados em local fixo foi de 60,6 por 100 habitantes.

Maioria das famílias refere dispor dos três serviços fixos

No segmento residencial, considerando dados de inquérito, 92,8% das famílias portuguesas referiu dispor de algum serviço fixo de comunicações eletrónicas. A combinação de serviços mais utilizada pelas famílias (não necessariamente em pacote) integrava o STF, a BLF, a TVS e a BLM (39%), seguindo-se os três serviços fixos: STF, BLF e TVS (30,8%). Face a 2023, aumentou a proporção de famílias que referiu dispor de conjugações semelhantes sem STF, nomeadamente as conjugações com BLF, BLM e TVS ou BLF e TVS.

Em 2024, cerca de 86,6% das famílias referiu dispor de ofertas em pacote e entre essas famílias, cerca de 76,6% integrava o serviço telefónico móvel (STM) no pacote e 72,7% integrava a Internet através de telemóvel.

Famílias com maior adesão a serviços fixos na Grande Lisboa, Península e Setúbal e regiões autónomas

Em termos regionais, a Grande Lisboa, a Península de Setúbal e as Regiões Autónomas dos Açores (R.A. Açores) e da Madeira (R.A. Madeira) registaram uma maior proporção de famílias que indicaram ter acesso a serviços fixos de comunicações eletrónicas e, em particular, a serviços em pacote (superior a 90%). O Alentejo foi a região onde as famílias mencionaram menor adesão aos serviços de BLF, STF e BLM enquanto no Centro verificou-se a menor proporção de famílias que indicaram dispor de TVS e de pacotes de serviços.

Mais de metade das famílias nas regiões Grande Lisboa, R.A. Madeira e Centro mencionaram dispor de BLM (através de telemóvel ou PC/tablet/pen/router). A população mais jovem, mais instruída, na situação de emprego ou estudante e com rendimentos mais altos registou um maior nível de penetração de serviços de comunicações eletrónicas.

Adesão exclusiva à TDT diminui

A utilização exclusiva da Televisão Digital Terrestre (TDT) nas residências principais abrangia 7,4% das famílias (-0,9 p.p. que em 2023), segundo dados de inquéritos.

Cerca de 9,8% da população nunca utilizou a Internet e apenas 43,9% das famílias com STF referiram utilizar o serviço. As principais barreiras identificadas pelas famílias no acesso aos serviços foram a substituição fixo/móvel (no caso do STF), os custos associados e a não utilidade (nos casos da TVS e do SAI), bem como a falta de literacia digital (no caso do SAI).

Taxa de penetração da Internet de 87% entre as microempresas e 98% entre as empresas com 10 ou mais pessoas

Segundo os dados do inquérito, a taxa de penetração de Internet entre as microempresas foi de 86,6%, enquanto no caso das empresas com 10 ou mais pessoas foi de 98%. A quase totalidade das médias e grandes empresas tinha acesso à Internet.

Entre as empresas com 10 ou mais pessoas ao serviço, a taxa de penetração de BLF foi de 95,1% (0,3 p.p. abaixo da média da UE27). Relativamente à BLM, cerca de 73,1% das microempresas e 85,8% das empresas com 10 ou mais pessoas ao serviço disponibilizava dispositivos portáteis aos seus trabalhadores, permitindo uma ligação móvel à Internet para fins profissionais. A taxa de penetração de banda larga móvel ultrapassou a média da UE27 entre as empresas com 10 ou mais pessoas ao serviço (+2,7 p.p.).

Redes de alta velocidade com cobertura de 95%

No final de 2024, estima-se que, no mínimo, cerca de 6,2 milhões de alojamentos estavam cablados com uma rede de alta velocidade (+1% que em 2023). O aumento dos alojamentos cablados com fibra ótica (FTTH/B) ocorrido em 2024 foi inferior à média dos últimos quatro anos em todas as regiões NUTSII, com exceção do Alentejo e Algarve, refletindo o facto de a cobertura estar a atingir valores elevados. A cobertura de redes de alta velocidade foi de 95,3% dos alojamentos e estabelecimentos (+1,0 p.p. que em 2023).

Com o desenvolvimento das ofertas suportadas em redes de nova geração, as redes de fibra ótica (FTTH/B) passaram a ser as principais redes de acesso à Internet fixa (68,9% dos acessos) e à TVS (66,6%). Em termos de velocidade, cerca de 92,4% dos acessos de BLF tinham velocidades de download anunciadas iguais ou superiores a 100 Mbps, mais 1,9 p.p. do que no ano anterior e mais 11,0 p.p. do que em 2020. Portugal foi o quarto país da União Europeia (UE) neste ranking em 2024.

Ainda assim, identificaram-se áreas não cobertas em 94% dos concelhos e em 64% das freguesias de Portugal. As regiões do Alentejo e do Algarve foram as que apresentaram uma maior percentagem de freguesias com áreas não cobertas. O Governo lançou, em dezembro de 2023, o concurso público para instalação, gestão, exploração e manutenção de redes de comunicações eletrónicas de capacidade muito elevada nestas áreas, e que se encontra ainda a decorrer.

Portugal com cobertura 5G acima da média da UE27

No que se refere à cobertura de redes móvel, no final de 2024 estavam disponíveis em Portugal quatro redes LTE (Long Term Evolution). Os três principais operadores do STM disponibilizavam redes LTE com níveis de cobertura próximos dos 100% da população, de acordo com a informação disponibilizada nos seus sites. No que se refere à cobertura 5G, Portugal apresentava a 10.ª maior taxa de cobertura com redes 5G, acima da média da UE27, de acordo com os dados do Observatório Europeu do 5G. No final 2024, todos os concelhos e 73% das freguesias tinham estações de base 5G instaladas.

Entre os acessos móveis com utilização efetiva, 31,7% utilizavam a rede 5G (+14,6 p.p. face a 2023), 49,6% utilizavam a rede 4G, e 18,7% utilizavam a rede 2G+3G.

Tráfego de voz diminuiu e tráfego de dados aumentou, tanto na rede fixa como na rede móvel

O período 2020-2021 de pandemia da COVID-19 influenciou o tráfego de comunicações eletrónicas, provocando um crescimento acentuado de várias categorias de tráfego de voz e dados e uma redução mais acentuada do tráfego de SMS e de roaming internacional. A partir de 2022 retomou-se a tendência registada anteriormente na maioria das categorias de tráfego de comunicações eletrónicas.

Em 2024, aumentou o tráfego de BLF, em 13%, e o tráfego de dados móveis, em 28,7%. Por outro lado, ocorreu uma diminuição do tráfego de voz fixa em minutos (-10,8%), do tráfego de voz móvel em minutos (-1,4%) e do número de SMS (-14,5%).

Cada acesso de BLF gerou, em média, 302 GB por mês (+10% que em 2023). Na BLM, o tráfego mensal por utilizador atingiu os 12,3 GB, mais 23,5% do que no ano anterior. O tráfego cursado em redes 5G representou cerca de 17,3% do total de tráfego de dados móveis, atingindo os 7,0 GB mensais por utilizador de Internet móvel 5G, +77,8% face a 2023.

Por outro lado, o tráfego médio mensal de voz fixa por acesso diminuiu 5 minutos (passando para 37 minutos mensais por acesso) e o tráfego médio mensal de voz móvel por acesso diminuiu 4 minutos (passando para 209 minutos por mês). O número médio mensal de SMS por acesso foi de 48 mensagens, o valor mais baixo desde que esta informação é recolhida (2010).

Note-se que os serviços over-the-top (OTT) têm sido cada vez mais utilizados. Em 2024, cerca de 74,5% da população efetuou chamadas de voz e vídeo pela Internet, colocando-se acima da média europeia (+1,6 p.p.), e 82,5% usou o serviço instant messaging (3,3 p.p. acima da média da UE27).

Diminuição da capitação postal em 2024

Em relação aos serviços postais, a capitação postal – tráfego postal por habitante – atingiu 47,1 objetos por habitante em 2024, menos 3,2 objetos per capita do que no ano anterior.

Tráfego de encomendas continua a aumentar e tráfego de correspondência a diminuir

Em 2024, o tráfego postal diminuiu 6,4% em comparação com o ano anterior, atingindo 501 milhões de objetos. Por tipo de objeto postal, a diminuição de tráfego verificou-se ao nível da publicidade endereçada (-20,8%), das correspondências (-7,2%) e do correio editorial (-3%).

As encomendas, que desde 2020 aumentaram 32,5%, cresceram 3,5% em 2024, atingindo um novo máximo histórico. Da mesma forma, o comércio eletrónico continuou a aumentar. Em 2024, 59,3% da população com 16 a 74 anos efetuou compras através da Internet nos doze meses anteriores ao momento da entrevista, mais 4,6 p.p. do que no ano anterior. O emprego no sector postal diminuiu 2,1%, o número de pontos de acesso à rede aumentou 6,3% e a frota de veículos aumentou 7,4%.

O número de estações de correio dos CTT manteve-se em relação ao ano anterior enquanto o número de postos de correio diminuiu (-0,7% ou menos 13 postos de correio) face a 2023.

Aumento das receitas retalhistas de comunicações eletrónicas e dos serviços postais

Em 2024, as receitas retalhistas dos principais serviços de comunicações eletrónicas atingiram 4,2 mil milhões de euros, tendo aumentado 4,6% em comparação com o ano anterior. Esta evolução deveu-se, sobretudo, às receitas de pacotes que registaram um aumento de 6,6% face ao ano anterior. As receitas de pacotes de serviços representam 54,9% do total das receitas retalhistas de serviços de comunicações eletrónicas.

As receitas provenientes dos serviços postais atingiram cerca de 743,5 milhões de euros, um aumento de 3% face ao ano anterior. A receita média por objeto aumentou 10%, mantendo a tendência de crescimento que se iniciou em 2018.

Preços das comunicações eletrónicas em Portugal com variação homóloga de 6,7%

A variação de preços das telecomunicações verificada em dezembro de 2024 foi de 6,7%, face ao mês homólogo – dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). A taxa de variação média dos últimos 12 meses dos preços das telecomunicações foi de 6,9%.

Em comparação com a União Europeia (UE), a taxa de variação média dos últimos doze meses dos preços das telecomunicações em Portugal (6,9%) foi superior à média em +7,2 p.p., sendo Portugal o 3.º país com a variação de preços mais elevada.

Comparando o nível de preços de Portugal com os países da UE pertencentes à OCDE, os preços das ofertas com serviços fixos (STF individualizado, ofertas double play com BLF e STF, ofertas triple play e quadruple play) encontravam-se acima da média dos preços praticados na UE, com exceção das ofertas double play que integram BLF e TVS, cujos preços praticados em Portugal eram inferiores à média da UE em metade dos perfis de utilização analisados, de acordo com a metodologia e os perfis de utilização residenciais desenvolvidos pela OCDE e considerando a informação da TechInsights. Por outro lado, os preços das ofertas da voz móvel e Internet no telemóvel eram inferiores à média da UE em mais de metade dos perfis de utilização.

DIGI com mensalidades mínimas mais baixas em sete tipos de oferta

Quando consideradas as mensalidades mínimas publicitadas pelos operadores nos seus sites, em dezembro de 2024 a mensalidade mínima mais baixa para sete tipos de oferta consideradas, num leque de 11 serviços/ofertas analisados, foram disponibilizadas pela DIGI. Este operador lançou as suas ofertas no mercado nacional em novembro de 2024, tendo-se verificado uma alteração de algumas das mensalidades mínimas divulgadas pelos principais operadores após essa data.

MEO detinha as quotas de assinantes mais elevadas, tanto nos serviços fixos como nos móveis

No final de 2024, as quatro entidades com maior dimensão presentes nos mercados de comunicações eletrónicas em Portugal eram a MEO, o Grupo NOS, a Vodafone e o Grupo DIGI / NOWO.

A MEO detinha a quota mais elevada em todos os serviços, fixos e móveis: 44,8% no STF, 41,9% na TVS, 41,2% na BLF, 36,9% no STM e 35,5% na BLM. O Grupo NOS detinha a segunda quota mais elevada para esses serviços: 36,0% na TVS, 33,5% na BLF, 32,5% no STF, 30,6% no STM e 33% na BLM. A Vodafone foi o terceiro prestador com maior quota de serviços comunicações fixos e móveis: 28,0% no STM, 27,1% na BLM, 21,9% na BLF, 19,8% no STF e 19,4% na TVS. O quarto principal prestador em termos de quotas, o Grupo DIGI / NOWO, deteve 2,9% na BLM, 2,7% na BLF, 2,6% na TVS, 2,5% no STM e 1,9% no STF. Foi nos serviços móveis que a disparidade entre quotas de assinantes dos três principais operadores foi menor. No que diz respeito às ofertas em pacote, a MEO detinha o maior número de subscritores, independentemente do tipo de pacotes (2P, 3P e 4/5P).

Quota dos CTT atingiu 81,6% nos serviços postais

Os CTT foram o principal prestador de serviços postais em Portugal. A quota de tráfego do Grupo CTT no final do ano em análise foi de 81,6% (-1,7 p.p. do que em 2023). Não obstante, a quota do Grupo CTT no tráfego de encomendas foi de 43,9% (-2,9 p.p. do que em 2023).

Consulte:

Sem comentários:

Enviar um comentário