Reduzir 10% da despesa corrente do Serviço Nacional de Saúde é muito mais do que um exercício contabilístico, é uma decisão política com consequências humanas. O SNS existe para defender os doentes, garantir a qualidade dos cuidados e assegurar o acesso universal em tempo útil. Nenhuma medida orçamental pode colocar isso em causa. Rigor financeiro, sim. Sacrifício dos doentes, nunca. O orçamento não é infinito, mas há sempre escolhas. Cortar na prestação direta é cortar na dignidade e na confiança. A sustentabilidade do sistema conquista-se com inteligência e ética, combatendo a fraude (estimada em 800 milhões), melhorando a gestão e as compras, reduzindo desperdícios e tornando a governação mais eficiente e transparente. Pedir aos hospitais que poupem travando consultas e cirurgias é o oposto do que se espera do SNS. Os gestores públicos não podem ser contabilistas da carência, mas defensores do acesso e da segurança. A saúde é um direito fundamental e o SNS é uma conquista civilizacional. Quando se corta no essencial, perdem-se vidas. O rigor é necessário, mas a prioridade é clara e inegociável, nunca em sacrifício dos doentes.
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