Mortes por acréscimo?...
A mortalidade aumentou em Portugal nas últimas semanas, muito por culpa do gripe e do frio. Só na última semana morreram mais de três mil pessoas, de acordo com dados do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), citados pela TSF.
A mortalidade aumentou em Portugal nas últimas semanas, muito por culpa do gripe e do frio. Só na última semana morreram mais de três mil pessoas, de acordo com dados do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), citados pela TSF.
Antes do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) começar a colher os dados epidemiológicos destes anómalos exitus letalis as primeiras insinuações: gripe e frio.
Na verdade, uma explicação simplista. Todos os anos é comum existirem surtos gripais (a DGS até aconselha a vacinação aos maiores de 65 anos) e no nosso hemisfério é normal fazer frio no Inverno…
Previamente à investigação do Instituto Ricardo Jorge seria possível espiolhar outras culpas que provavelmente os utentes do SNS gostariam de ver contempladas.
Vamos enumerar um "decálogo" para abrir hostilidades:
1.) Os casos em estudo referem-se a indivíduos vacinados (contra a gripe sazonal?)
2.) Trata-se de indivíduos sem (ou com reduzida) autonomia funcional que perderam apoio nos transportes de rotina aos serviços de saúde (consultas/urgências/MCTD)?
3.) De acordo com os meios electrónicos de prescrição será possível apurar as patologias principais e acessórias e se o grupo em estudo adquiriu a totalidade dos medicamentos prescritos ou optou por “amputações” do receituário por carências económicas?
4.) Caracterização das situações económico-social e cultural deste conjunto de pessoas falecidas?
5.) Qual o tipo de ambiente familiar, nomeadamente, em apoios sociais, convivialidade e actividades funcionais, climatização desfrutados por estes idosos?
6.) Percentagens de idosos que viviam no domicílio, em lares, em unidades de cuidados continuados ou na situação de sem abrigo?
7.) Qual a taxa de suicídios entre este grupo em análise?
8.) Os falecidos encontravam-se na situação de pensionistas (ou aposentados) ou mantinham actividade funcional regular?
9.) Os idosos faleceram no domicílio, em instituições de solidariedade social ou em serviços de urgência?
10) Qual a percentagem deste grupo que beneficiava de apoio médico, de enfermagem ou psicológico em programa domiciliário regular?
Por aqui poderá andar escondido um bom indicador da qualidade dos serviços médicos e sociais na actual situação de crise, cujos cortes são sempre efectuados "sem prejuízo da qualidade das prestações e sem alterar a acessibilidade"...
É que, muito embora, as drásticas medidas de austeridade tenham começado a ser aplicadas há poucos meses, em pessoas frágeis, os efeitos podem ser quase imediatos. É possível estragar em meses o que demorou 30 anos a ser construído. Basta não ter sensibilidade social. O resto vem por acréscimo…
e-pá!
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