domingo, 25 de março de 2012

Todas as lutas contam (182) - TORRES VEDRAS


“Não queremos nascer nem morrer na A8”, reclamam utentes de Torres Vedras
Uma acção espontânea e silenciosa em frente ao Hospital de Torres Vedras, na tarde do passado sábado, dia 17 de Março, foi a forma encontrada pela Comissão de Utentes de Saúde de Torres Vedras para contestar as propostas do governo em encerrar vários serviços naquela unidade.
Durante dois minutos, cerca de 20 pessoas taparam a cara com imagens de idosos e de bebés, ao mesmo tempo que depois, caíram no chão, onde ficaram por mais dois minutos. “Os transeuntes que por ali passavam pararam surpreendidos com um acontecimento nitidamente invulgar por estas paragens, aproveitando para manifestar o seu apoio à causa”, afiança em comunicado a comissão de utentes.
Para a comissão, “o possível encerramento da urgência médico-cirúrgica tem funcionado como uma cortina de fumo, desviando as atenções das pessoas relativamente ao encerramento de vários outros serviços – a maternidade, a urgência pediátrica, a ginecologia, a obstetrícia e ainda o Hospital do Barro com a Medicina Física e de Reabilitação, entre outros”. A contestação do grupo insurge-se ainda contra os cortes que o Ministério da Saúde impôs ao hospital local nos últimos dois anos, “aos quais se soma novo corte superior a 8% em 2012”.
A comissão defende que “apesar da gestão equilibrada por parte da administração hospitalar, que logrou reduzir despesas em cerca de 10% no último ano, torna-se impossível diminuir a dívida perante tais políticas”. Por isso, os representantes dos utentes dizem-se perante “uma política perversa pois o Ministério leva à deterioração dos Serviços para depois aparecer novamente dizendo que os mesmos já não são sustentáveis e por isso têm de ser encerrados”.
Estes e outros argumentos deram já origem a uma causa lançada na Internet à qual “aderiram já mais de duas mil pessoas”.
Já a petição onde defendem a “manutenção de todos os serviços” que parecem estar em risco, o “reforço financeiro para melhorar o funcionamento” do Hospital e o “reforço do número de profissionais com vínculo” à unidade, recolheu mais de 7000 assinaturas.
Em declarações à Gazeta das Caldas, Jorge Ferreira, que é um dos membros da comissão, diz que “foram já pedidas audiências à presidente da Assembleia da República e a todos os grupos parlamentares” e espera-se que nos próximos dias a petição seja entregue no Parlamento.
Há ainda uma outra petição a circular, em defesa da urgência médico-cirúrgica no Hospital de Torres Vedras, que se pode encontrar na Internet. Neste caso contam-se já mais de 4.400 assinaturas, estando também ultrapassado o número mínimo de subscrições necessárias para que o documento seja discutido na Assembleia da República.
Nesta petição exige-se a manutenção da Urgência Médico-Cirúrgica tanto no Hospital de Torres Vedras como no das Caldas da Rainha “por forma a garantir a qualidade de serviço inerente a uma urgência”. Caso não seja viável manter os dois serviços em funcionamento, os torrienses querem que este serviço se mantenha na sua terra, dada a proximidade ao hospital de referência (Santa Maria), o que evitaria que os casos mais graves tivessem que andar para trás e para a frente na A8, entre os serviços.

Joana Fialho
jfialho@gazetacaldas.com

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