domingo, 4 de março de 2012

Todas as lutas contam (175) - CALDAS DA RAINHA


Mais de 2000 pessoas abraçaram os dois hospitais das Caldas
Numa demonstração cívica como há muito tempo não se via nas Caldas da Rainha, cerca de 2000 pessoas participaram na iniciativa “Abraço ao Hospital”, na noite de 24 de Fevereiro.

À hora marcada, oito da noite, já estavam junto ao hospital das Caldas pessoas suficientes para que se cumprisse a intenção de formar um cordão humano em volta do edifício e a organização até acreditava que seria possível formar dois círculos, tal era a quantidade de gente.

Perante o sucesso, foi decidido caminhar até ao Hospital Termal e também fazer um cordão humano na sua envolvente. Num e noutro hospital, ouviram-se palmas quando o “abraço” foi concretizado.

A iniciativa surgiu numa reunião promovida pelos autarcas do BE, CDU e PS, que teve lugar a 15 de Fevereiro no CCC, onde se discutiram as alterações que estão a ser estudadas para o Oeste pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.

Para um dos organizadores da iniciativa, António Curado, elemento do Conselho da Cidade, “a adesão excedeu completamente as expectativas”.

O médico já se tinha apercebido de uma grande mobilização em relação a este assunto, principalmente nas redes sociais, mas nunca imaginaria que tanta gente saísse de casa, numa noite, fria para participar.

“É algo de muito bonito, ver a quantidade de pessoas que aqui estiveram”, referiu, depois de ter sido o único a falar para a população presente, em frente ao Hospital Termal, dizendo apenas: “obrigado”.

António Curado disse estar preocupado com a reorganização hospitalar que está a ser preparada “porque vem trazer prejuízos para toda a gente, não só para as Caldas, mas também para Alcobaça, Peniche e Torres Vedras”.

Este clínico diz que a reorganização em curso vai fundir e extinguir serviços, diminuindo assim a oferta de cuidados de saúde no Oeste. Por isso, não aceita que se poupe “retirando cuidados de saúde à população, numa altura em que se pagam mais impostos e pelas taxas moderadoras”.

Os autarcas do BE, CDU e PS optaram por não fazer nenhuma intervenção, para que a iniciativa não fosse confundida com um comício partidário.

Satisfeito com a adesão dos cidadãos ao “abraço”, o vereador socialista Delfim Azevedo disse à Gazeta das Caldas que, em vez de se reduzirem serviços médicos, faria sentido reforçá-los na região Oeste Norte, cuja área de influência é de seis concelhos. “São cerca de 180 mil habitantes para os quais vai ser sempre necessário ter um hospitalar com estas valências”, afirmou.

Vítor Fernandes (CDU) disse ao nosso jornal que para algumas pessoas há interesse em que se crie alguma confusão sobre o que será ou não decidido, de acordo com as propostas que vieram a público. “O que se sabe é que pretende-se retirar valências às Caldas e a Torres e é por isso que as pessoas estão indignadas”, disse.

Na sua opinião, o presidente da Câmara das Caldas deveria ter informado a oposição do que se estava a passar, logo que soube o que estava a ser estudado.

Também Fernando Rocha (BE) considera que se estava a tentar “negociar” a reorganização hospitalar na região com “manobras palacianas”, como aconteceu noutros casos onde “as Caldas foram prejudicadas”.

O bloquista acha que o comunicado do PSD das Caldas sobre esta questão é “nojento” porque “até vem dizer que até poderíamos ganhar alguma coisa, mas isso é enganar as pessoas”.

No “abraço” participaram também alguns autarcas do PSD e do CDS, apesar destes partidos terem uma opinião diferente sobre o processo que a ARS está a desenvolver.

O presidente da Assembleia Municipal das Caldas, Luís Ribeiro, disse que estava ali presente enquanto “caldense” e que não aceitava que se tente dividir os cidadãos nesta questão. “Estou aqui porque acho que é um dever cívico nós defendermos o hospital”, explicou.

Sem querer comentar as declarações que Fernando Costa tem feito em relação aos organizadores do protesto (ver caixa), Luís Ribeiro criticou o facto de haver pessoas que pensam que o hospital das Caldas irá fechar “o que é rotundamente falso”.

(JORNAL OESTES)

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