segunda-feira, 15 de maio de 2023

CTT (privatizados) falham todos os indicadores de qualidade do correio em 2022

 


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CTT falham todos os indicadores de qualidade do correio em 2022


Não obstante o incumprimento dos indicadores de qualidade, a Anacom constata "um ligeiro acréscimo" no número de estabelecimentos afetos ao serviço postal universal em funcionamento.

Os CTT - Correios de Portugal falharam todos os indicadores de qualidade do serviço postal universal em 2022, de acordo com a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom). O operador postal não consegue cumprir o atual conjunto de indicadores desde 2018.

No relatório divulgado a 5 de maio, o regulador constata que "todos os IQS [indicadores de qualidade de serviço] se encontram aquém dos respetivos objetivos de desempenho fixados para o ano 2022". A Anacom refere que os resultados sobre os indicadores "devem ser interpretados como indicativos", sendo que poderão ser ainda alvo de uma "posterior avaliação".

O serviço postal universal fornecido pelos CTT foi avaliado através de 22 indicadores, verificando-se uma incapacidade significativa de cumprimento em alguns parâmetros. Por exemplo, quanto à demora de encaminhamento dos envios de correspondência não prioritária o regulador definiu uma meta de 96,3%, mas os CTT só cumpriram 75,9% (mais de 20 pontos percentuais de diferença). Outro exemplo, sobre a demora de encaminhamento dos envios de jornais e publicações periódicas com periodicidade igual ou inferior à semanal, em Portugal continental, a Anacom impôs uma meta de 94,5%, mas os CTT só cumpriram 76,8% (17,7 pontos percentuais de diferença). Noutro exemplo - este para as ilhas - o regulador definiu uma meta de 90% quanto à demora de encaminhamento de envios de correspondência registada, mas o operador postal só cumpriu 71,8% (mais de 18 pontos percentuais de diferença).

Não obstante o incumprimento dos indicadores de qualidade, a Anacom destaca que, no final de 2022, "um ligeiro acréscimo" do número de estabelecimentos afetos ao serviço postal universal em funcionamento face ao ano anterior. Os CTT tinham em funcionamento 2 371 estabelecimentos postais, dos quais 569 eram estações de correio (incluindo uma estação móvel) e 1802 postos de correio (incluindo dois postos móveis). "Os valores observados são compatíveis com os objetivos de densidade da rede postal fixados pela Anacom, dos quais decorre um número mínimo de 2 296 estabelecimentos postais que os CTT devem manter em funcionamento", lê-se.

O incumprimento dos indicadores de qualidade da Anacom é algo que os CTT já antecipavam, visto que a empresa os considera impossíveis de cumprir nos moldes em que foram desenhados. "Temos indicadores de qualidade, quer em número quer em nível de exigência, desde 2018, quando o quadro regulatório foi alterado nesse aspeto, que são muitíssimo acima da média europeia. Continuamos tão convictos como sempre estivemos que é impossível cumprir este conjunto de indicadores", afirmava João Bento, CEO do grupo CT, em entrevista ao Dinheiro Vivo e à TSF a 1 de abril.

Nos últimos anos os CTT não têm conseguido cumprir os indicadores de qualidade e, consequentemente, a empresa tem sido obrigada a cortar nos preços do correio. No entanto, isso não acontecerá desta vez. Porquê? Por um lado, os CTT ainda aguardam pela definição de novos indicadores de qualidade - o novo contrato de concessão do serviço postal, em vigor desde 2022, prevê que os indicadores são propostos pela Anacom ao governo em vez de serem definidos unilateralmente pelo regulador. Por outro, o novo contrato passou a prever obrigações de investimento na qualidade do serviço, por parte dos CTT, caso os indicadores não sejam cumpridos. ...

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