Freguesia de Santa Margarida da Coutada tem cerca de 1.600 utentes e debate-se com falta de médicos. Foto arquivo: mediotejo.net

Depois de estar sem qualquer médico desde o dia 1 de abril, o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Médio Tejo conseguiu a contratação, a tempo parcial, de uma médica em regime de prestação de serviços, no dia 4 de maio, para a Extensão de Saúde de Santa Margarida da Coutada. Dois meses depois, saiu. A 4 de julho, o médico mudou outra vez em Santa Margarida e o atendimento foi reduzido a seis horas/semanais.

Utentes, de madrugada, à porta de Extensão de Saúde causou a pergunta da vereadora da CDU, Manuela Arsénio, sobre a “situação de médico de família, no caso de recurso” em Santa Margarida da Coutada, na última reunião de executivo, dando conta de utentes “continuarem às 6h00 da manhã” à porta do posto de saúde “à espera de vaga” no atendimento, mantendo-se esta realidade mesmo após serem disponibilizadas consultas para urgências além do número de consultas por marcação.

Constância conta com dois médicos no Centro de Saúde da sede de concelho, que têm conseguido assegurar nos últimos tempos a prestação de cuidados às populações das freguesias de Constância e de Montalvo. O problema tem-se sentido de forma particular na freguesia de Santa Margarida, a localidade mais afastada da sede de concelho, dividida pelo rio Tejo, numa população envelhecida e com pouca mobilidade, contabilizando cerca de 1600 utentes.

Em reunião de executivo, o presidente da Câmara confirma o atendimento “uma vez por semana, à terça-feira” sendo o atendimento seis horas semanais. Sérgio Oliveira falou com a diretora do ACES do Médio Tejo, Diana Leiria, e “a médica em questão assegura entre 12 a 16 consultas por semana, 10 por marcação e há sempre 4 a 6 consultas que são por ordem de chegada, para situações urgentes para as quais não seja indicada urgência hospitalar”, deu conta.

Ao nosso jornal garante que junto da diretora do ACES do Médio Tejo procura “uma melhor prestação dos cuidados de saúde” em Santa Margarida da Coutada. Em resposta Diana Leiria terá dito “não ter médico para reforçar”. Contudo, seis horas por semana “é claramente insuficiente”, lamenta Sérgio Oliveira.

Por seu lado, Manuela Arsénio insiste ser necessário “evitar que as pessoas vão às 06h00 para a porta da Extensão de Saúde” enquanto o presidente considera que “a situação” da saúde pública em Portugal “vai agravar-se”, não só em Constância mas “em todo o país”.

Em declarações ao mediotejo.net lembrou a situação de aposentação em que vão brevemente entrar parte dos médicos e “não se vê medidas de fundo do Governo para resolver a situação”. Além disso Sérgio Oliveira diz discordar com “os incentivos camarários” para a fixação de médicos nos territórios, uma vez que saem beneficiados os municípios com maiores orçamentos em prejuízo de municípios mais pequenos como Constância, “prejudicando as populações”.

O presidente reforça a sua ideia lembrando que a Constituição da República Portuguesa de 1976 prevê o direito à saúde e promove a igualdade.