ATÉ QUE A BOLHA REBENTE
"Deixar o acesso à habitação ao mercado, onde reina o lucro e a especulação, já provou não ser solução. Já deviam ter soado há muito os alarmes perante um relatório da Comissão Europeia que confirma o país precisar de soluções sistémicas e de curto prazo, que travem a subida dos preços e aumentem a oferta de casas.
(...)
O Censos 2021 diz-nos com rigor que as casas devolutas atingem a ordem das 725 mil, só na AML são 150 mil, 48 mil em Lisboa, das quais 2 mil propriedade do Estado e Município. Não há falta de casas em Portugal, mas a maior parte é privada, está devoluta e não entra no mercado por diversas razões, nomeadamente ser detida por fundos de investimento que estão à espera da maré alta da especulação. Estas casas deviam contribuir para resolver a crise da habitação.
Até que se sinta o resultado de medidas estruturais como o aumento do parque público, que está hoje nos 2%, quando a média europeia é de 12%, imagine-se que das 725 mil devolutas 10% eram mobilizáveis. Num curto espaço de tempo, teríamos 72 mil a nível nacional e quase 5 mil só em Lisboa. Uma escala destas, não só aumentava a oferta a preços acessíveis, como baixaria o valor das rendas."
Paula Marques (vereadora independente, Cidadãos Por Lisboa, na CML), Diário de Notícias, 4/07/2025
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