domingo, 7 de março de 2010

Sida: ministra da Saúde recusa participar em campanha por razões de agenda

O convite foi feito aos líderes dos cinco partidos com assento parlamentar, mas a campanha apenas integra três: Jerónimo de Sousa (PCP), Paulo Portas (CDS) e Francisco Louçã (BE). Manuela Ferreira Leite e José Sócrates invocaram motivos de agenda para não participar na campanha contra a discriminação dos seropositivos ao VIH, que se socorre de figuras públicas para combater o preconceito. A ministra da Saúde também. E outros membros no executivo nem responderam. Mas as duas associações que lançaram a iniciativa querem dar-lhes uma segunda oportunidade.

"Assumimos que um dos falhanços foi não conseguir ninguém do Bloco Central. Mas estamos a pensar, na segunda fase da campanha, voltar a perguntar para ver se as razões são de agenda ou de outra ordem. Admitimos que tínhamos prazos apertados. Para a próxima vez, estaremos disponíveis para gravar em qualquer dia", refere Luís Mendão, presidente do Grupo Português de Activistas sobre Tratamentos de VIH/SIDA (GAT). O GAT e a Ser+ (Associação Portuguesa para a Prevenção e Desafio à Sida) querem ainda envolver figuras de topo e um dos prováveis convidados será o Presidente da República, Cavaco Silva.

Luís Mendão refere que, como esta campanha não conseguiu financiamento e foi feita com muito pouco dinheiro, as gravações foram realizadas gratuitamente por duas agências e concentradas em poucos dias. "Talvez por isso, tenha sido difícil... Mas voltaremos a insistir."

Andreia Ferreira, coordenadora da Ser+, refere que, de alguns ministério como o da Economia, nem obteve resposta. No PSD, "respondiam que estava difícil e pediam para ligar no dia seguinte. Responderam-nos a certa altura que diziam alguma coisa "amanhã". Até hoje", conta.

Questionada sobre uma eventual disponibilidade de Manuela Ferreira Leite para participar, fonte do gabinete da líder do PSD diz que no primeiro convite "a questão nem se colocou porque era fisicamente impossível", já que a social-democrata estava em deslocações pelo país. Quanto a uma futura abordagem, "será uma questão de ponderar".

Já o gabinete da Ministra Ana Jorge, que tutela o combate ao VIH/Sida, garante que "havia toda a vontade, mas era completamente impossível". "Achamos que a campanha é uma óptima ideia e se houver novo convite obviamente que voltaremos a tentar arranjar tempo na agenda da ministra e do próprio secretário de Estado Manuel Pizarro [com a tutela do VIH]", diz a porta-voz.

Mas, para os que aceitaram, a gestão do tempo não foi problema. O BE diz que "foi fácil arranjar agenda para Francisco Louçã. Havia vontade política para participar e facilitaram a gravação para demorar o mínimo tempo". Paulo Portas refere também ter sido "contactado numa semana e noutra gravou". "Participei com muito gosto. Mas não me pronuncio sobre quem não participou", refere o líder do CDS.

A campanha, que arrancou há um mês, envolve 39 políticos, actores, juízes, cantores e futebolistas. "Se eu fosse seropositivo...", olharia para todos eles da mesma forma? Questionam. Se as ideias do GAT e da Ser+ se concretizarem, Cavaco Silva pode ser o próximo a fazer a pergunta.

in jornal i

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