174 mil utentes em lista de espera para cirurgia no primeiro semestre
Por Marta F. Reis, publicado em 24 Out 2012 - 03:10 | Actualizado há 4 horas 26 minutos
Ministério da Saúde fez ontem o ponto de situação da actividade cirúrgica. Mediana de espera está nos 3,3 meses mas caiu um dia
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martim ramos
No final do primeiro semestre havia 174 mil utentes à espera de cirurgia no Serviço Nacional de Saúde, mais 8200 que em Junho de 2011. Dados do Ministério da Saúde, divulgados ontem, revelam que o encaminhamento para cirurgia tem aumentado, mas o reforço da actividade cirúrgica permite atenuar o agravamento das listas de espera. Face ao final de 2011 há uma redução de 3% no número de pessoas à espera, mas verifica-se um agravamento de cerca de 10 mil pessoas em relação a 2009 e 2010.
O balanço surge numa nota do gabinete do ministro, após a Administração Central do Sistema de Saúde ter entregue à tutela o relatório referente à actividade cirúrgica no primeiro semestre. Desde 2011 que há um atraso na publicação dos relatórios semestrais do Sistema de Gestão de Inscritos para Cirurgia, estando ainda por divulgar os relatórios de 2011 e o balanço referente aos primeiros meses deste ano.
Declarações do coordenador da Unidade Central de Gestão de Inscritos para Cirurgia, em Março, apontavam para 175 mil utentes à espera de cirurgia no final do ano passado, número que agora é corrigido para 180 mil. No ano passado, as listas agravaram--se em 14 mil utentes, depois de dois anos de redução. Segundo os dados avançados pela tutela, que não detalham a evolução da actividade por especialidade, a mediana do tempo de espera para cirurgia diminuiu um dia desde o final de 2011, para 3,3 meses. A mediana mínima foi atingida em Dezembro de 2010, 3,1 meses, mas em comparação com Dezembro de 2006 caiu para metade.
O governo sublinha que a procura de cuidados cirúrgicos tende a crescer e que só no primeiro semestre do ano deram entrada mais de 319 mil inscrições. Em relação a 2006, o referenciamento num único semestre aumenta 41,5%. Ainda assim, a actividade cirúrgica que se encontrava estável nas 40 mil operações mensais aproxima-se das 50 mil, algo que a tutela diz ter sido potenciado por cirurgias em ambulatório.
O governo salienta que, durante o primeiro semestre, houve um reforço da equidade geográfica no acesso a cirurgia: em 2006 um utente de Leiria esperava em mediana mais de dez meses por cirurgia enquanto um doente de Aveiro, por exemplo, esperava pouco mais de três meses. Neste momento, o distrito com a maior mediana de espera é Viseu, cerca de cinco meses. Já Beja regista a menor mediana de espera, menos de três meses. Ainda assim, e além de Viseu, em Faro e Setúbal os utentes esperam mais de quatro meses por cirurgia.
Denúncia Ontem, o bastonário da Ordem dos Médicos denunciou que as listas oficiais poderão não traduzir a realidade nos hospitais. José Manuel Silva diz ter tido acesso a uma circular de um conselho de administração em que é pedido aos médicos que só inscrevam para cirurgia os doentes que podem operar. Ao i, o bastonário recusou indicar qual o hospital e as especialidades cirúrgicas em causa. “As unidades podem estar a usar este sistema para não terem de emitir o vale de cirurgia, que têm de pagar.” Em causa está uma alteração introduzida este ano nos contratos do Estado com os hospitais-empresa. A partir de quatro meses de espera podem encaminhar os utentes para serem operados noutros hospitais públicos e a partir dos seis meses para unidades do sector privado e social com as quais existem convenções. Este ano, o pagamento dessas intervenções passou a sair do orçamento das unidades em vez de ser pago à parte.
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