A grande derrota
O problema com a presença de tecnologia chinesa nas redes nos sistemas de telecomunicações não tem nada a ver com segurança e tem tudo a ver com o facto de os EUA terem perdido a capacidade de competir com a economia chinesa seguindo as regras, escritas por eles próprios, da livre concorrência e da superioridade do mercado de que a OMC já foi guardiã.
É uma guerra económica e comercial para a qual é necessário escalar o nível de confrontação mundial para permitir erguer barreiras – as milhares de sanções – que protejam a debilitada economia ocidental.
Paralelamente, o imperialismo aprova leis como «a lei contra a inflação» dos EUA, que basicamente oferece 200 mil milhões de euros para que empresas se desloquem para os EUA. Uma lei que afronta os dogmas da escola de Chicago com que os EUA derretem as meninges dos queques liberais, e que em Portugal está a conseguir que empresas como a EDP e a Galp desviem ainda mais investimento para o exterior. Ao mesmo tempo que o funcionamento contínuo da máquina de imprimir dólares cria uma das bases para esse aumento da inflação.
O Governo português já cedeu às pressões e ameaças, bem directas e públicas, dos EUA sobre a presença de empresas chinesas na rede de 5G. Uma medida que poderá custar-nos (além de mais um pedaço de soberania e do auto-respeito pátrio e de uma diversificação das nossas relações comerciais que só nos beneficia) mais de mil milhões de euros para substituir componentes chineses já instalados – melhores e mais baratos – por uma tecnologia americana pior e mais cara. Colocando-nos ainda na dependência de um único fornecedor para o futuro, como recomenda a cartilha neocolonial.
A estratégia de chantagem e ameaça dos EUA é mais uma vez recompensada. Uma das causas da vitória da China é que esta não trata assim os seus parceiros. Mas os EUA não têm parceiros, só lacaios. E por falar em lacaios dos EUA, a Comissão Europeia já elogiou a decisão do Governo português.
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