terça-feira, 20 de junho de 2023

OPINIÃO: Trabalho infantil nunca mais!

 Trabalho infantil nunca mais!

Margarida Botelho

As­si­nalou-se no pas­sado dia 12 de junho o dia mun­dial contra o tra­balho in­fantil, ins­ti­tuído pela Or­ga­ni­zação In­ter­na­ci­onal do Tra­balho há pouco mais de 20 anos. Cal­cula-se que sejam ví­timas de tra­balho in­fantil 160 mi­lhões de cri­anças no mundo, uma em cada dez. Se fal­tassem factos para de­nun­ciar o ca­pi­ta­lismo, este nú­mero devia ser su­fi­ci­ente.

A esse pro­pó­sito, a Rádio Re­nas­cença e a Agência Ec­clesia en­tre­vis­taram Fá­tima Pinto, pre­si­dente da Con­fe­de­ração Na­ci­onal de Acção contra o Tra­balho In­fantil – CNASTI.

Pri­meiro, a boa no­tícia sobre o tra­balho in­fantil em Por­tugal: «o tra­balho tra­di­ci­onal quase é con­si­de­rado er­ra­di­cado», diz Fá­tima Pinto. «Nós, Por­tugal, que temos uma ex­pe­ri­ência de com­bate e até bem-su­ce­dida, temos obri­gação de par­ti­lhar esta ex­pe­ri­ência e de ajudar os ou­tros países a com­bater a sua re­a­li­dade.» Os mais ve­lhos lem­brar-se-ão das ge­ra­ções de cri­anças e jo­vens con­de­nadas no nosso país ao tra­balho in­fantil. Não foi assim há tanto tempo que a re­a­li­dade mudou: já em plena dé­cada de 90 do sé­culo pas­sado con­ti­nu­avam a existir mi­lhares de cri­anças a tra­ba­lhar. A luta dos tra­ba­lha­dores e as trans­for­ma­ções con­quis­tadas com a re­vo­lução de Abril foram de­ci­sivas para que a si­tu­ação seja hoje bem di­fe­rente.

Em se­gundo, a má no­tícia. A pre­si­dente da CNASTI ex­pressa na en­tre­vista pre­o­cu­pa­ções com a ex­plo­ração de cri­anças na men­di­ci­dade, na pros­ti­tuição e em trá­ficos di­versos no nosso país. Re­fere que há cri­anças ex­plo­radas em ac­ti­vi­dades ar­tís­ticas e des­por­tivas, que a so­ci­e­dade não vê como tra­balho, mas que pre­ju­dicam o seu de­sen­vol­vi­mento in­te­gral. E fala do pe­rigo de andar para atrás: «nós sa­bemos que a po­breza anda sempre de mão dada com a ex­plo­ração de tra­balho das cri­anças. O tra­balho in­fantil não é uma re­a­li­dade es­tá­tica, a todo o mo­mento as coisas podem mudar. (…) Temos cons­ci­ência de que há fa­mí­lias que vivem na po­breza, apesar de tra­ba­lharem, e que o sa­lário não chega mesmo ao fim do mês, por­tanto, isto é uma pre­o­cu­pação cons­tante, para a CNASTI e tem de ser para toda a gente.»

Tem razão. O au­mento dos sa­lá­rios é ver­da­dei­ra­mente uma emer­gência na­ci­onal. Lu­temos, pois, por isso, com toda força da uni­dade dos tra­ba­lha­dores.

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