sábado, 10 de junho de 2023

Sobre a prestação solidária de cuidados de saúde...

 

Sobre a prestação solidária de cuidados de saúde...

O exemplo e a dívida

Gustavo Carneiro

 

Cuba as­si­nalou há dias 60 anos de co­o­pe­ração mé­dica com os povos do mundo, por­ven­tura a ex­pressão má­xima de in­ter­na­ci­o­na­lismo da­quela que Fidel Castro de­signou de re­vo­lução so­ci­a­lista e de­mo­crá­tica dos hu­mildes, com os hu­mildes, para os hu­mildes. Na ce­ri­mónia ofi­cial co­me­mo­ra­tiva, em Ha­vana, es­ti­veram o Pri­meiro Se­cre­tário do Par­tido Co­mu­nista de Cuba, e Pre­si­dente da Re­pú­blica, Mi­guel Diaz-Canel, e o Co­man­dante José Ramón Ma­chado Ven­tura, or­ga­ni­zador da pri­meira bri­gada, que partiu a 23 de Maio de 1963 rumo à recém-in­de­pen­dente Ar­gélia, e à data mi­nistro da Saúde Pú­blica do go­verno re­vo­lu­ci­o­nário.

Ao longo de seis dé­cadas, mais de 600 mil pro­fis­si­o­nais de Saúde cu­banos (mé­dicos, en­fer­meiros, téc­nicos) in­te­graram mis­sões de so­li­da­ri­e­dade em 165 países, so­bre­tudo na Amé­rica La­tina, Ca­raíbas, África e Ásia: hoje, em 58 deles, estão para cima de 22 mil, na mai­oria mu­lheres. «São uns he­róis», disse o Pre­si­dente cu­bano, se­cun­dando as pa­la­vras do Co­man­dante-em-Chefe da Re­vo­lução, para quem «o pes­soal mé­dico que vai a qual­quer lado para salvar vidas, com o risco de perder a sua, dá o maior exemplo de so­li­da­ri­e­dade que o ser hu­mano pode dar, so­bre­tudo quando não é mo­vido por qual­quer in­te­resse ma­te­rial».

Entre os feitos mais no­tá­veis deste exér­cito de batas brancas, como são ca­ri­nho­sa­mente cha­mados na sua pá­tria, contam-se o Pro­grama In­te­gral de Saúde, criado em 1998 para res­ponder à de­vas­tação cau­sada na Amé­rica Cen­tral pelos fu­ra­ções Ge­orge e Mitch; o Bairro Adentro, que desde 2003 acorreu a mi­lhões de ve­ne­zu­e­lanos que dé­cadas de di­ta­dura mi­litar e de ne­o­li­be­ra­lismo ha­viam pri­vado dos mais ele­men­tares cui­dados de saúde; a Ope­ração Mi­lagre, que de­volveu a visão a três mi­lhões de seres hu­manos de 35 países; ou o Mais Mé­dicos, no Brasil, que levou a me­di­cina às po­pu­la­ções mais des­fa­vo­re­cidas e iso­ladas do gi­gante sul-ame­ri­cano.

Es­pe­ci­a­li­zado no com­bate a ca­tás­trofes na­tu­rais e epi­de­mias, o Con­tin­gente In­ter­na­ci­onal Henry Reeve, criado em 2005, foi desde então onde mais nin­guém ou­sava ir: à Gua­te­mala afec­tada por chuvas tor­ren­ciais; ao Pa­quistão atin­gido por um brutal ter­ra­moto; ao Haiti du­rante o pico da có­lera; à África Oci­dental fus­ti­gada pelo ébola; a 42 países (in­cluindo da Eu­ropa) no auge da pan­demia de COVID-19. E só não acudiu o povo norte-ame­ri­cano após a pas­sagem do Ka­trina porque a ad­mi­nis­tração de Ge­orge W. Bush não o per­mitiu…

É grande a dí­vida que a Hu­ma­ni­dade tem para com a pe­quena mas ge­ne­rosa ilha so­ci­a­lista. Elevar a mo­bi­li­zação pelo fim do cri­mi­noso e ilegal blo­queio com que a pre­tendem su­focar aqueles que, em vez de batas brancas, apenas têm para ofe­recer ao mundo sol­dados e bombas, é a me­lhor forma de a saldar. E todos temos o dever de con­tri­buir.

publicado por usmt 

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