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A comissão de utentes "Juntos pelo Nosso Hospital" soube da notícia por "terceiros". "Estranhamos que o conselho de administração não nos tivesse comunicado que o hospital ia abrir", afirma António Curado. O médico e porta-voz da comissão lembra a propósito que, pouco antes do Natal, se reuniram com o Conselho de Administração do CHO e que um dos temas abordados foi precisamente o do recomeço da actividade termal. "As indicações que nos deram então davam conta que em relação à abertura do hospital termal estava tudo muito atrasado", acrescenta. O que afinal não se comprovou.
Apesar do reinício da actividade termal, a comissão irá manter a vigília junto às termas convocada para o dia 5, "porque continua a não existir uma solução definitiva que proteja não só o seu funcionamento como também todo o património termal e o próprio termalismo", explica António Curado.
O hospital foi fundado em 1485 pela rainha D. Leonor. Esta estrutura e a sua zona envolvente, de que faz parte o Parque D. Carlos I, estão em fase de classificação como monumento nacional, mas continua sem se saber em que mãos ficará este tesouro, que por enquanto depende do Ministério da Saúde. A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo já defendeu que este património devia ser concessionado a uma unidade de gestão hoteleira. A concessão a privados foi também a solução proposta num estudo encomendado pelo Ministério da Saúde e pela Câmara Municipal das Caldas da Rainha, elaborado por uma equipa do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e das Empresas.
No ano passado, o CHO assumiu que não tinha sequer verba para pagar as análises às águas termais, que são obrigatórias por lei. O encargo foi assumido pela câmara, que já manifestou também o seu interesse em ficar com a gestão do património termal. Em Outubro passado, a administração do CHO deixou também de garantir a manutenção e limpeza do Parque D. Carlos I, alegando falta de dinheiro.
A comissão de utentes "Juntos pelo Nosso Hospital" tem insistido na necessidade de se manter este património no domínio público e de garantir a continuidade do hospital termal no Serviço Nacional de Saúde. Este seria o desfecho "ideal", mas perante o desinvestimento persistente do Estado e a acelerada degradação do complexo, "o que agora defendemos é que queremos soluções, mesmo que estas não passarem por manter o espaço no domínio público", indica António Curado. "Chegámos a uma situação em que não sabemos a quem apontar o dedo. Se ao Ministério da Saúde, se ao Conselho de Administração do CHO, se à câmara", acrescentou.
(in Público)
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