quarta-feira, 6 de abril de 2011

Ponte de Constância aberta, mas com condicionantes

Reabertura da ponte com condicionalismos gera reações de satisfação mas também de frustração


A reabertura da ponte de Constância gerou hoje na população um misto de alívio e satisfação mas também de frustração e alguma revolta pelas condicionantes impostas para o seu atravessamento.


Quase nove meses depois de ter sido encerrada por falta de segurança, a ponte reabriu hoje, poucos minutos depois das nove horas, permitindo a passagem a veículos ligeiros até 3500 quilos e que não ultrapassem os 2,10 metros de altura e os 2,40 metros de largura, excepcionando as viaturas de emergência e transportes escolares que possuem chave própria para levantar os pórticos.


Dezenas de populares saudaram a reabertura da centenária travessia, que liga os concelhos de Constância e Vila Nova da Barquinha, tendo-a utilizado de imediato, ao passo que a desilusão e frustração se apoderou de dezenas de pequenos empresários impedidos de utilizar aquela ponte, apesar de circularem com viaturas comerciais ligeiras até 3500 quilos.


Fátima Matos, empresária no ramo das frutas e hortícolas, era o espelho da tristeza tendo afirmado à agência Lusa que, apesar de ter uma carrinha dentro do peso permitido, a altura da mesma não permitia a passagem pelos pórticos. “Tenho um comercial ligeiro mas como tem 2,60 de altura não pode passar. Para vender a fruta e os legumes em Santa Margarida vou ter de continuar a dar a volta pela ponte de Abrantes o que implica dezenas de quilómetros de distância”, lamentou, ao mesmo tempo que pedia aos responsáveis presentes que levantassem a altura permitida de passagem.


“Economicamente esta solução não resolve nada o que é uma grande desilusão”, acrescentou Carlos Gaspar, empresário, ele próprio impedido de circular com a sua carrinha comercial de ligeiros.


Rui Lopes, um habitante que conseguiu utilizar a travessia, afirmou-se “satisfeito” por poder voltar a utilizar a ponte tendo no entanto afirmado ser “incompreensível” a limitação da altura a veículos até 2,10 de altura. “É bom que tenha reaberto porque resolve parte do problema destas populações mas é pena que muitos carros ligeiros com 3500 quilos não possam passar”, observou.


Rui Ferreira, porta-voz da Comissão de Utentes Unidos pela Ponte (CUUP), disse “saudar” a reabertura da ponte tendo no entanto acrescentando ser com “muita frustração” que a mesma é reaberta de forma “amputada”. Segundo afirmou, a presente situação resolve os problemas das pessoas comuns e com veículos ligeiros mas não resolve o problema do trabalho e da economia. “Para já”, defendeu, “é preciso pôr um fim à condicionante dos 3500 quilos e da altura imposta, depois, reivindicar e alertar para a importância capital para a região da construção de uma nova ponte sem quaisquer tipo de limitações”.


Máximo Ferreira, presidente da Câmara de Constância, afirmou “compreender a frustração” das pessoas tendo acrescentado nada poder fazer para alterar as condicionantes impostas. “Na impossibilidade de conseguirmos um acordo para a sua reabertura plena e sem restrições tivemos de aceitar esta situação porque era insuportável manter esta ponte encerrada na totalidade por muito mais tempo”, defendeu.

(in Mirante)

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