quinta-feira, 27 de setembro de 2012

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Movimento de utentes considera parecer 'insólito' e 'clara atitude de desumanidade'

27 de Setembro, 2012
O Movimento de Utentes dos Serviços de Saúde considerou hoje uma «clara atitude de desumanidade» o parecer «insólito» do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, sugerindo que a instituição mude o nome para ‘Ciências da Morte’.O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) considera, num parecer hoje tornado público, que existe fundamento ético para que o Serviço Nacional de Saúde promova medidas para conter custos com medicamentos, tentando assegurar uma «justa e equilibrada distribuição dos recursos».
Em comunicado enviado às redacções, o Movimento de Utentes dos Serviços de Saúde (MUSS) considera que, «numa altura em que a investigação, num esforço a todos os títulos notável, procura todos os dias novos medicamentos para as patologias referidas, vem agora o CNECV dar conhecimento do seu insólito parecer, o qual, para além de distinguir portugueses de primeira e de segunda, constitui uma clara atitude de desumanidade».
«Sobre o parecer do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV), hoje tornado público, parece-nos que a sigla desta instituição deveria mudar para Ciências da Morte, ao recomendar o racionamento do acesso a tratamentos mais caros para utentes com cancro, sida e doenças reumáticas», sugere.
O MUSS «reprova veementemente» o parecer do CNECV «pois não é a nivelar por baixo (mais barato) que se beneficia o utente».
«Uma gestão criteriosa do SNS vem sendo reclamada há muito tempo pelo MUSS, na consciência plena da existência de desperdícios e falta de investimento na área. No entanto, colocar em causa o legítimo acesso dos utentes aos cuidados médicos, por muito onerosos que sejam, não pode ser admissível, até porque também colocaria em causa a prática deontológica dos profissionais médicos», enfatiza.
A notícia do parecer foi hoje de manhã avançada pela Antena 1, que adiantava que o conselho defendia que o Ministério da Saúde «pode e deve racionar» o acesso a tratamentos mais caros para pessoas com cancro, sida e doenças reumáticas.
No parecer, os conselheiros indicam que «há uma dimensão ética no racionamento dos cuidados de saúde» e que, quando esse racionamento exista, deve ser tornado transparente aos cidadãos e profissionais de saúde.
Lusa/SOL

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