sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

ESTRADA DO ALVORÃO (T. Novas - Fátima): dois anos e meio depois (da notícia e das promessas), tudo na mesma ou pior!



Edição de 05-06-2008

Automobilistas que por ali passam diariamente estão fartos de promessas políticas
Estrada do Alvorão espera há trinta anos por alcatrão
Fonte da Câmara de Torres Novas diz que concurso para a intervenção deve ser lançado em breve.

São apenas sete quilómetros mas parecem uma eternidade para quem circula na estrada do Alvorão, que liga Torres Novas à freguesia de Chancelaria. O percurso é feito aos solavancos devido às irregularidades da via, que a água da chuva fez abaular em muitos locais ao longo dos anos. Há 30 anos que a via está para requalificar, apesar das sucessivas promessas de arranjo por parte do município de Torres Novas.
O camião inclina-se perigosamente ao fazer a curva e só a perícia do condutor o volta a equilibrar. As águas que no Inverno escorrem da encosta fizeram com que a berma da estrada ficasse abaulada, tornando a curva perigosa, mesmo a velocidades mais baixas. Há outras curvas assim ao longo dos sete quilómetros que ligam a cidade à aldeia de Chancelaria. E por ali passam diariamente milhares de veículos, já que é o principal itinerário para Fátima, como prova a placa situada no início da via, no vale de Torres Novas.
Os automobilistas que por ali passam diariamente estão cansados da situação. João Fernandes, camionista de uma empresa de transporte de mercadorias, não se lembra de ver a estrada de outra maneira, mas recorda-se bem das promessas da sua requalificação. “São promessas políticas, é o que se sabe…”, desabafa, adiantando que apesar de se falar novamente na repavimentação da via não acredita que ainda será desta.
Os habitantes de Chancelaria são da mesma opinião. Diamantino Lourenço diz mesmo que só uma “revolução” popular poderá levar a câmara a agir. “O espírito do 25 de Abril ainda não passou por aqui. Se assim fosse o povo já teria criado uma comissão de utentes da estrada para exigir a realização da obra. Quem não reclama caminha sempre na retaguarda”.
Não fosse o problema neurológico que o faz andar de cadeira de rodas e lhe tirou a fala e era ele próprio, afiança, que encabeçaria uma manifestação contra o esquecimento a que a autarquia votou a estrada. Assim vai mostrando o seu descontentamento em palavras escritas, no bloco de apontamentos que tem sempre junto a ele.
Diamantino lembra que não só os automobilistas a sofrer com o mau estado do piso. “Todos os anos esta é uma estrada percorrida por milhares de peregrinos a caminho de Fátima. Só me espanta como não têm acontecido ainda mais acidentes”, refere, já que os peões ocupam a faixa de rodagem por falta de passeios e pelas valetas estarem cheias de ervas.
A Câmara de Torres Novas sempre admitiu o mau estado da via mas foi protelando o seu arranjo pelo custo da obra. Já em 1999, numa reunião descentralizada do executivo, o presidente do município afirmou que a requalificação da via tinha à altura um custo de 200 mil contos (um milhão de euros), não tendo a câmara condições financeiras para a sua realização. Seis anos depois, em 2005, no jantar da campanha eleitoral para as autárquicas, António Rodrigues (PS) reafirmou a posição da autarquia.
Em declarações a OMIRANTE, uma fonte do município salientou que o projecto de requalificação da via está agora praticamente concluído e que o concurso para a obra deverá ser lançado em breve. O projecto, feito pelo Gabinete de Apoio Técnico (GAT), prevê a repavimentação, um tratamento freático específico para acautelar as águas que vêm das encostas e passeios nos dois lados da faixa de rodagem, em toda a extensão. De acordo com os números avançados, o custo da requalificação da estrada do Alvorão deverá ascender a dois milhões de euros.

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