«Um dia fazem um hospital em Lisboa e espalham ambulâncias pelo país»
Centenas em vigília contra fecho das urgências de Valongo
Por: Redacção / CP | 2014-07-15 08:40
O anúncio do encerramento do serviço de urgência do hospital de Valongo originou uma vigília esta segunda-feira à noite, que juntou cerca de centena e meia de pessoas junto àquela unidade hospitalar na esperança de conseguir «reverter a decisão».
«Também estamos a lutar pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS). Estamos a lutar contra as razões que só se prendem com o lucro [referindo-se à existência de um hospital privado na freguesia de Alfena]. Estamos a lutar pelos utentes deste hospital que precisam da urgência, sem a qual terão de se deslocar ao Porto», explicou o representante da comissão de utentes, Joaquim Delgado.
Esta vigília/protesto foi marcada na sexta-feira passada, quando foi conhecida a decisão do Centro Hospitalar de São João (CHSJ) de encerrar a urgência básica do hospital de Valongo, unidade de saúde de Valongo, conhecida por Hospital Nossa Senhora da Conceição, que integra esse centro hospitalar, com sede no Porto.
Esta decisão foi comunicada pelo CHSJ, por carta, à Câmara Municipal, que, no entanto, afirmou aguardar uma explicação por parte da Administração Regional de Saúde do Norte, entidade com a qual o presidente socialista, José Manuel Ribeiro, diz ter vindo a dialogar sobre esta matéria, não percebendo agora a decisão, a qual classificou de «unilateral».
«Esta é uma situação lamentável. Fomos desafiados pela ARS-Norte para um diálogo que estava a decorrer. Existiram reuniões. Tínhamos outra agendada, mas aparece esta decisão unilateral», disse o autarca.
A carta do CHSJ remetida à autarquia de Valongo refere que, além da abertura de várias valências, a reorganização de serviços no hospital deste concelho inclui a «implantação de viatura de Serviço Imediato de Vida», mas as pessoas presentes na vigília de hoje à noite foram unânimes em recusar ver este item como solução.
«Um dia fazem um hospital em Lisboa e espalham ambulâncias por todo o país. Esta medida não faz sentido e cria constrangimentos nos hospitais do Porto, que vão sofrer uma sobrecarga», disse o presidente da União de Freguesias de Fânzeres/Sâo Pedro da Cova, concelho de Gondomar, Daniel Vieira.
Este hospital serve, para além do concelho de Valongo, freguesias dos concelhos de Gondomar e de Paredes.
Esta noite, com velas acesas e a entoar gritos de ordem como «a saúde é um direito, sem ela nada feito», também marcaram presença neste protesto representantes de associações sindicais, como o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) e da Administração Pública.
Para Fátima Monteiro, do SEP, «está a assistir-se a um ataque às funções sociais do SNS», sendo esta uma situação que, apesar de não estarem em causa postos de trabalho, «os enfermeiros, como cidadãos, quiseram associar-se», por se tratar de uma «preocupação enorme com a qualidade de vida das populações».
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