segunda-feira, 14 de março de 2011

Perante esta realidade, resta-nos organizar as populações e apelar à resistência.

Qualidade dos cuidados de saúde na Lezíria vai piorar, alertam Verdes
Posted by João Nuno Pepino (O Ribatejo)

“A qualidade da prestação de cuidados de saúde primários na região da Lezíria do Tejo, que é já verdadeiramente preocupante, vai piorar nos próximos anos”, avisou o deputado Francisco Madeira Lopes no final do Conselho Nacional do Partido Ecologista “Os Verdes”, que decorreu em Santarém nos dias 11 e 12 de Março.
Durante este conselho, os ecologistas reuniram com a comissão de utentes de saúde do concelho de Benavente e com a direcção executiva do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Lezíria II, dois encontros que só deixaram os responsáveis ainda mais “preocupados”.
“Por um lado, temos a questão da aposentação dos médicos, sem haver no mercado de trabalho quem os substitua”, destacou Madeira Lopes, acrescentando que, por outro lado, “há falta de outros profissionais de saúde, sobretudo a nível de enfermagem, para os quais não foram abertos concursos e não vão ser integrados”.
Os seis concelhos integrados no ACES Lezíria II, onde há cerca de 30 mil utentes sem médico de família, “são servidos por dois fisioterapeutas, um delegado de saúde e meio psicólogo, que trabalha a meio tempo no Hospital de Santarém”, exemplificou o deputado.
Perante a falta de médicos e os constrangimentos orçamentais que bloqueiam a contratação de outros profissionais de saúde, as consequências serão, segundo Madeira Lopes, “o encerramento previsível de um conjunto de extensões, sobretudo daquelas que estão mais afastadas dos centros urbanos e mal servidas em termos de transportes públicos”.
“Há populações, maioritariamente idosas, a 20 quilómetros do serviço de saúde mais próximo e que assim ficam impossibilitadas de lá se deslocar”, lamentou o responsável.
Uma vez “que há 30 anos não se previu o que era óbvio, a aposentação massiva dos médicos que então entraram no Serviço Nacional de Saúde” e hoje “não há em Portugal quem os substitua”, os Verdes concordam que uma das soluções será o recurso à contratação de profissionais estrangeiros.
“Se não no mercado nacional, não nos parece que haja outro recurso imediato para resolver o problema e assegurar às pessoas o direito à saúde”, comentou Madeira Lopes.
Este Conselho Nacional, a reunião mais importante do partido entre congressos, foi também dedicado à ferrovia, “numa perspectiva de defesa do transporte público”.
Com os rumores de possíveis despedimentos em cima da mesa, os Verdes reuniram com a EMEF, empresa que assegura actualmente cerca de 430 postos de trabalho no Entroncamento.
“Está prevista a redução de alguns trabalhadores, mas a situação na região é menos preocupante que no Barreiro ou em Guifões”, disse Madeira Lopes, para quem “a situação que a empresa atravessa é consequência directa do desinvestimento sucessivo no sector ferroviário”.
“A EMEF está no fim da cadeia. Se há menos linhas em funcionamento e menos comboios a circular, há menos serviços de reparação”, explicou, acrescentando ser “caricato” o facto da CP enviar composições para manutenção em Espanha.
“A CP, enquanto patrão, pede contas à EMEF sobre os seus prejuízos, mas enquanto cliente rouba-lhe o mercado de trabalho”, ironizou o deputado.

Como gastar mais, querendo poupar:
Os responsáveis dos Verdes revelaram um caso paradigmático a nível do desperdício de recursos cometido em nome de uma suposta poupança de dinheiro.
Ocorre no centro de saúde de Coruche, onde ficam parados dois radiologistas e todo o equipamento de radiologia cada vez que se acaba o líquido revelador e o fixador, indispensáveis para a revelação das radiografias.
Na verdade, o ACES Lezíria II não tem autonomia financeira para adquirir os produtos, uma vez que as compras passaram a ser centralizadas na Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT).
Ou seja, enquanto os senhores de Lisboa compram e não compram os líquidos, os utentes que precisam de uma simples radiografia são enviados para os hospitais de Santarém ou Vila Franca de Xira, onde além de sobrecarregarem os respectivos serviços, ainda custam mais ao Estado que lhes suporta o transporte.

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