quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Coruche: aos poucos a ineficiência dos serviços públicos de saúde empurra os utentes para os privados

Centro de Saúde de Coruche com menos um médico de serviço

Um médico do Centro de Saúde de Coruche (CSC) aposentou-se no final de 2010 e há mais 1800 utentes de sede de concelho que passam a não ter médico de família. O clínico passou à reforma por atingir os 60 anos, idade a partir da qual esses profissionais se podem aposentar. Uma situação que vem agravar o já complicado quadro de clínico do CSC, o qual já não conseguia dar resposta aos utentes da freguesia da Lamarosa.

A directora do Agrupamento de Centros de Saúde da Lezíria (ACES) II, Luísa Portugal, reconhece que a situação se agrava mas assegura que o máximo que pode fazer é continuar a tentar contratar médicos a empresas de prestação de serviços. Uma tarefa que não tem sido fácil.

“A situação é que não há médicos. Temos tentado contratar médicos mas quem está em Lisboa ou Vila Franca de Xira, por exemplo, não quer vir para a Lamarosa ou Coruche, quer ficar mais perto”, refere Luísa Portugal, lembrando que foi possível contratar um médico para prestar serviço no Biscainho.

A directora do ACES II diz que também não é solução sobrecarregar os médicos da Unidade de Saúde Familiar do Sorraia, criada no CSC, que passariam a ter mais 1800 utentes para atender.

O presidente da Câmara de Coruche, Dionísio Mendes (PS), reuniu-se a semana passada com o presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa de Vale do Tejo, Rui Portugal, mas considera que dessa entidade já não surge qualquer novidade ou capacidade de resposta.

“É tempo de passar para outro nível de decisão e já solicitei reunião com o secretário de Estado Adjunto da Saúde. A situação mais premente é a da freguesia da Lamarosa, que dista 20 quilómetros da sede de concelho, onde há muita população idosa, que não tem médico de família. Foram, feitos melhoramentos na extensão e não há médicos. É urgente resolver este problema. Se há empresas de disponibilizam médicos então contratem-se, se não é um problema de dinheiro”, refere Dionísio Mendes.

Face ao impasse na colocação de médicos naquela freguesia mas também no arranque do Serviço de Urgência Básico, Dionísio Mendes não admite vir a criar incentivos para esses profissionais de saúde. “Não vamos financiar a saúde, é algo que não faremos. Fala-se na vinda de médicos colombianos, uruguaios. É preciso é que se resolva o problema”, conclui o edil de Coruche.

Um utente do Centro de Saúde lamentou a O MIRANTE o estado de coisas, quando nem sequer uma credencial ou receitas se consegue obter. “Até final do ano outros médicos ainda passavam essas coisas, depois disso nunca mais. Quem quer um simples atestado, receita ou credencial tem de ir ao médico privado”, salienta o utente.
(in O Mirante)

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