sábado, 17 de dezembro de 2011

Opinião sobre a privatização da água

VINTE LINHAS Opinião

A água



Não houve até agora, em Portugal, um único caso de um qualquer serviço cujos preços diminuissem com a concessão desse serviço a privados, a empresas municipais ou a parcerias público-privadas. O caso da água é exemplar: em muitas regiões do país, a gestão e distribuição de águas foi entregue a uma constelação de empresas intermunicipais sob a égide das ”Águas de Portugal”, que cometeu a proeza de acumular centenas de milhões de euros de prejuízos em poucos anos de exploração. Está o caminho aberto para o fado da moda: dá prejuízo, tem de se privatizar. É esse o jogo escondido por aqueles que tudo têm feito para provocar prejuízos nos serviços públicos, para depois aparecerem nas empresas a quem eles serão entregues. É inacreditável como, em Portugal, a distribuição da água não é, em todos os casos, um sector lucrativo para os municípios, porque há casos que provam que o pode ser, sem onerar os munícipes. Desfazendo-se das águas, as câmaras abrem mão da sua maior receita ordinária e alienam um bem que deveria ser sempre público porque é património inalienável dos cidadãos e das comunidades. As manobras de diversão, de diversa índole, que se têm sucedido, vão levar a um fim triste, mas nessa altura os decisores e os mandantes de hoje estarão bem arrumadinhos na vida. Na deles, claro.

Por: João Carlos Lopes (Jornal Torrejano)


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