Arnaldo Vasques
As consultas externas do Hospital de Santarém funcionam há algum tempo num espaço agradável e limpo, onde os utentes são atendidos funcionalmente por administrativos, enfermeiros e médicos. À parte isto, os doentes que não têm isenção já sentem nos bolsos o custo daquilo que se chama, ainda, Serviço Nacional de Saúde porque tudo é pago: a consulta e os exames. Mas não se fica por aqui, porque o ato clínico que se segue poderá ser uma tremenda desilusão para quem ali procura o remédio para os seus males. Acompanhámos dois casos que se reportam ao Serviço de Ortopedia, mas outros mereceriam reparo, e não só na especialidade que referimos. Porém, hoje, ficaremos nesta especialidade que tantos pacientes comporta a engrossarem a lista de espera para a consulta e, o que é mais indigno, a urgente operação. Consultas e operações em ortopedia são longo martírio para quem não entra na urgência em consequência de um acidente. “Não temos, nem médicos em número suficiente, nem bloco operatório para tanto doente que necessita urgentemente de uma operação nesta área”, disse-nos um médico ortopedista do Hospital de Santarém, que adiantou:” Só conseguimos atender os acidentados que nos entram porta adentro nas urgências e, de vez em quando, lá operamos um doente que está em lista de espera há meses e meses…” Seguem dois exemplos que conhecemos bem de perto. Manuel, nome fictício, foi ao Centro de Saúde em Fevereiro: aguarda que chegue meados de Agosto para ser atendido na consulta externa de ortopedia, numa situação clínica extrema. Francisco, aguardou igualmente vários meses pela consulta externa e, chegado o dia, depois de observado e analisados os exames feitos na hora, obteve esta resposta do médico: ” O seu caso é grave, mas acredito que uma prótese lhe irá remediar o problema. O senhor necessita já de ser operado, mas não lhe posso dizer quando; a lista de espera em ortopedia é enorme e não temos meios humanos nem físicos. Aguarde que chegue uma carta, pode ser que dentro de poucos meses lhe indiquem outro hospital onde possa ser operado, porque aqui em Santarém é quase uma impossibilidade”.(in O Ribatejo)
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