Em causa a concentração de serviços
Precisamos de um fio condutor
José Manuel Silva, bastonário da Ordem dos Médicos (OM), lançando ontem à noite um novo ciclo de conferências promovido pela organização que lidera, disse que «não se percebe bem qual é a linha de condução política em termos da definição do futuro do sistema nacional de saúde».
Algumas das medidas tomadas pela tutela, conforme confessou, deixam-no até «perplexo». Isto porque «parecem expressar» então «uma falta de linha condutora hierárquica que, prejudicando os doentes, não beneficiam o Serviço Nacional de Saúde (SNS)».
Para sustentar a tese, José Manuel Silva referiu a «deslocação» para Santarém de 240 portadores do vírus HIV que eram seguidos no Hospital de Torres Novas.
«Esta perspectiva de centralizar não traz, em muitas situações - não posso dizer se na maioria ou minoria -, qualquer benefício», notou, verificando que no caso referido o Estado tanto paga o correspondente «preço compreensivo» num local como noutro.
O problema é que, nos cálculos do bastonário da OM, o Ministério da Saúde somou mais 90 quilómetros - as cidades de Torres Novas e Santarém distam cerca de 45 quilómetros – ao trajecto que tem de ser percorrido pelos 240 utentes do SNS em causa.
«Como estes doentes significam, em média, muito mais de mil consultas por ano, quer dizer que se acrescentou ao seu seguimento cerca de 100 mil quilómetros anuais de deslocações», estimou José Manuel Silva.
Se fossem feitas contas para avaliar o impacte no terreno de algumas das medidas tomadas pelo ministério da João Crisóstomo, em Lisboa, conjecturou o bastonário, «provavelmente isso teria obstado a que a decisão pudesse ter sido tomada».
Daí que o representante dos médicos tenha chegado à seguinte conclusão: «Precisamos de um fio condutor na política de saúde em Portugal e de definir, claramente, qual é o futuro do nosso sistema nacional de saúde.»
Bastonário da Ordem dos Médicos
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